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Estudo apoia circuncisão de rotina
Cirurgia em recém-nascido diminui risco de HPV, herpes e Aids, segundo pesquisa da Johns Hopkins
Atuais diretrizes apontam que há benefícios e riscos, mas não recomendam que procedimento seja realizado em todos os recém-nascidos
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Novos resultados de um estudo sobre circuncisão e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis levaram pesquisadores a reafirmar a necessidade de adotar o procedimento rotineiramente. Em artigo
publicado no periódico "Archives of Pediatric and Adolescent
Medicine", eles pedem que a
Academia Americana de Pediatria indique a cirurgia para todos os recém-nascidos.
Realizado por equipe da Universidade Johns Hopkins
(EUA), o estudo acompanhou,
por dois anos, 3.500 homens
sexualmente ativos em Uganda. Além das evidências de que
a circuncisão diminui em até
60% o risco de contrair o vírus
da Aids, o estudo mostra que
ela reduz a contaminação por
HPV (30%) e por herpes (25%).
A circuncisão (remoção do
prepúcio, prega de tecido que
recobre a glande do pênis) por
motivos não religiosos é um tema polêmico. Nos EUA, o procedimento começou a se generalizar por considerações de higiene e por evitar o desenvolvimento de fimose. Em 1975, no
entanto, a Academia Americana de Pediatria comunicou oficialmente que não havia indicação médica absoluta para a
circuncisão, por não haver evidência científica suficiente sobre os seus benefícios.
Em 1989, a diretriz foi revista
e a entidade passou a afirmar
que havia tanto benefícios
quanto riscos aos recém-nascidos circuncidados. Essa orientação foi mantida nas últimas
diretrizes (2000), acrescentando que o procedimento, quando adotado, deveria ser feito
com o uso de anestésicos locais.
O que os pesquisadores da
Johns Hopkins propõem é que
as novas diretrizes em pediatria recomendem o procedimento em todos os casos.
Sem orientação
No Brasil, a SBP (Sociedade
Brasileira de Pediatria) não
tem posição oficial sobre o procedimento, diz Peter Abram Liquornik, vice-presidente do
Departamento Científico de
Pediatria Ambulatorial da SBP.
A posição atual da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia)
é a de que ainda não há forte
evidência para a adoção rotineira da circuncisão de recém-nascidos, de acordo com Miguel Zerati Filho, chefe do departamento de urologia pediátrica da SBU - São Paulo. "Mas
estamos atentos aos novos estudos. São recentes e promissores, mas é preciso mais dados
para que o método seja adotado
como diretriz", diz Zerati Filho.
Um dos argumentos para fazer a cirurgia rotineiramente
em recém-nascidos é que, nessa fase, é necessária apenas a
anestesia local e há menos impacto psicológico.
"É melhor operar antes dos
dois anos, quando não há fatores sociais que podem gerar
problemas psicológicos e a recuperação é melhor. Mas isso
quando há indicação específica.
Se não, por que operar o que
não precisa?", questiona José
Carnevale, da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica.
É indicada a remoção cirúrgica do prepúcio quando a criança tem infecções repetidas do
trato urinário e quando a pele
do prepúcio não retrai (fimose). Os riscos, embora pequenos, são os inerentes a pequenas cirurgias: infecções, necroses da pele e hemorragias.
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