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Obesidade reduz até 10 anos de vida
Revisão de estudos com 900 mil pessoas diz que IMC entre 30 e 35 já diminui expectativa em 2 a 4 anos
No Brasil, 13% da população
têm IMC acima de 30 e,
portanto, são considerados
obesos, segundo dados
do Ministério da Saúde
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um IMC (índice de massa
corporal) superior a 30 kg/m2
leva à diminuição da expectativa de vida em até dez anos. É o
que mostra uma meta-análise
realizada com 57 estudos e dados de quase 900 mil pessoas
com idade média de 46 anos e
divulgada ontem na edição on-line do periódico "The Lancet".
Pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido)
viram que, em índices acima de
25 kg/m2, o acréscimo de 5 kg/
m2 eleva em 30% as taxas gerais
de mortalidade. O trabalho
também aponta que o IMC entre 30 e 35 (indicador de obesidade leve) foi responsável pela
redução de dois a quatro anos
na expectativa de vida e, entre
40 e 45 (obesidade grave), por
de oito a dez anos.
"Excesso de peso encurta o
tempo de vida. Na Grã-Bretanha e nos EUA, pesar um terço
a mais do que o ideal diminui a
vida em três anos. Para a maioria das pessoas, significa carregar de 20 kg a 30 kg a mais. Se
você está se tornando gordo,
deixar de ganhar peso também
poderia adicionar anos à sua vida", explica o epidemiologista
Gary Whitlock, líder do estudo.
No Brasil, os riscos também
são altos: 13% da população
têm IMC acima de 30 e, portanto, são considerados obesos,
de acordo com os dados mais
recentes do Ministério da Saúde. "Os pesquisadores falam
muito sobre conscientizar a
população: dizer que você vai
viver cinco anos a menos se estiver obeso tem um impacto
muito maior do que dizer que
aumenta o risco de gordura no
fígado ou outras colocações",
afirma o endocrinologista Márcio Mancini, presidente da
Abeso (Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica).
Entenda-se por "outras colocações" maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e apneia do sono, entre outras
doenças. Além disso, o excesso
de tecido adiposo dificulta a
apalpação em exames clínicos
e diminui a precisão de exames
de diagnóstico, criados para
pessoas com peso normal.
Outras avaliações
O IMC é a principal forma de
medir sobrepeso e fatores de
risco relacionados à obesidade.
Especialistas, entretanto, afirmam que a medida na circunferência abdominal tem se mostrado importante para detectar
riscos especialmente em pessoas que apresentam IMC normal ou até 30.
Isso porque a gordura abdominal tem um perfil metabólico danoso ao organismo, podendo elevar os níveis de triglicérides no sangue, de gordura
no fígado e desencadear processos inflamatórios que causam arterosclerose. "Não é raro
encontrar pacientes com peso
normal e excesso de gordura
abdominal", diz Mancini.
Para medir corretamente a
cintura, deve-se passar a fita
métrica em volta do abdômen
relaxado na metade da distância entre a última costela e os
ossos do quadril (crista ilíaca),
esclarece Walmir Coutinho,
endocrinologista da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
Outro método, reforçado por
estudos recentes, é a medição
do pescoço. Um trabalho americano divulgado na semana
passada mostrou que um pescoço mais grosso é indicativo
para teores mais elevados de
colesterol no sangue.
De fato, pessoas com tendência a acumular gordura na região do pescoço geralmente
costumam reunir mais gordura
no tronco. Diâmetro superior a
40 cm indica riscos e a necessidade de procurar um médico.
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