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Acusação à OMS não muda conduta do Brasil na gripe A
Programa de vacinação de grupos de risco, como gestantes e indígenas, será mantido e deve ocorrer entre março e abril
Para especialistas ouvidos pela Folha, comportamento da organização durante o auge do surto foi prudente, mas com possível exagero
Goldsmith and Balish/Associated Press
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Imagem do vírus da gripe A (H1N1) realizada em laboratório
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As acusações de que a OMS
(Organização Mundial da Saúde) exagerou no alarme da gripe A, levando alguns países a
comprar mais doses de vacina
do que o necessário, não muda
nada na política de vacinação
programada para o Brasil.
De acordo com a assessoria
de imprensa do Ministério da
Saúde, o país terá 83 milhões de
doses para vacinar os grupos
prioritários. A definição exata
de quais serão esses grupos e as
datas de vacinação (previstas
para março ou abril) devem ser
divulgadas até fevereiro.
Os grupos prioritários previstos são profissionais da saúde envolvidos no atendimento
aos pacientes, grávidas, crianças entre seis meses e dois anos,
comunidades indígenas e pessoas com doenças crônicas
preexistentes (cardíacas, pulmonares etc.). E não haverá vacina na rede privada.
"A Sociedade Brasileira de
Infectologia entende que, neste
momento, tornar disponível o
maior número possível de doses e priorizar a vacinação dos
grupos de maior risco é a conduta adequada", diz Juvêncio
Furtado, presidente da SBI.
Acusação refutada
A acusação de que a OMS
agiu sob pressão da indústria
farmacêutica não é compartilhada pelos especialistas ouvidos pela Folha.
"O surto começou e não existiam elementos para saber qual
seria a sua dimensão. Com base
no que ocorreu em pandemias
passadas, fizeram projeções e
imaginaram a gravidade possível. Está errado? Talvez por
prudência tenham exagerado,
mas não acho que a OMS foi
movida por interesses comerciais", afirma o infectologista
Vicente Amato Neto, professor
emérito da USP.
"Acho que, por questão de
prudência, começaram a tomar
medidas intensas, não sei se isso é um erro: se os danos foram
menores [do que os previstos]
foi bom, não é?", acrescenta.
Para ele, o que está em discussão agora é a definição de
pandemia. Segundo os atuais
critérios da OMS, a fase 6, que
define a pandemia, é caracterizada por contágio do vírus entre humanos em pelo menos
dois países de uma mesma região e em pelo menos mais um
país em uma região diferente,
causando surtos sustentáveis.
O infectologista David Uip,
diretor do hospital Emílio Ribas, em São Paulo, considera a
discussão "financeiro-econômica" e não acredita que deva
influenciar nas medidas preventivas contra a doença. "Não
se sabe o que vai ocorrer. O que
se garante é que a vacina muda
o curso de uma pandemia. Nós,
que víamos os exames anatomopatológicos de quem morreu da doença, sabíamos do que
estávamos falando. Sabemos
direito o que aconteceu e a gravidade da doença", diz.
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