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Plástica afeta amamentação, diz estudo
Segundo pesquisa da Unifesp, mulheres que operaram os seios enfrentam mais dificuldades no aleitamento
Mães que reduziram as mamas tiveram mais problemas do que aquelas que colocaram próteses de silicone
GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO
Mulheres que se submeteram a cirurgias de redução
ou de aumento de seios podem ter mais dificuldades na
hora de amamentar. A operação para diminuir o volume
dos seios tem impacto maior
na função do aleitamento.
O dado é de uma pesquisa
inédita da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Foram comparadas 74 mulheres que haviam acabado
de dar à luz em um hospital
particular de São Paulo.
Segundo os autores, até
aqui, os estudos mostravam
resultados controversos: alguns sugeriram que as plásticas prejudicam o aleitamento, outros, não.
Cirurgiões plásticos dizem
que as técnicas mais modernas não atrapalham a amamentação, e que a nova pesquisa não levou em conta as
diferentes técnicas.
As pacientes foram divididas em três grupos: as que
haviam passado por cirurgia
de aumento; as que fizeram
redução de mamas e as que
não haviam feito plástica.
Todas foram avaliadas até
72 horas após o parto, depois
entre cinco e sete dias e, por
último, ao final de um mês.
Ao término do período, a
chance de a criança estar recebendo exclusivamente leite materno foi de 29% no grupo das que tinham passado
por redução de mamas, 54%
naquelas com próteses mamárias e 80% nos bebês das
mulheres do grupo controle.
Embora todas estivessem
amamentando nas primeiras
horas, após 30 dias a amamentação exclusiva entre as
mulheres com cirurgia foi
muito menor, diz o artigo.
ALERTA
"Apesar do pequeno número de mulheres avaliadas,
a diferença foi significativa e
os resultados servem de alerta", diz Ana Cristina Abrão,
professora do departamento
de enfermagem da Unifesp e
uma das líderes do trabalho.
"As dificuldades na amamentação foram uma surpresa para as próprias mães, que
relatam não ter sido avisadas
desse risco na hora da cirurgia", conta a pesquisadora.
Segundo ela, a complementação com leite artificial
já no primeiro mês eleva a
chance de desmame precoce.
De acordo com o artigo, as
cirurgias, dependendo da
técnica empregada, alteram
a integridade do tecido mamário e podem interferir na
produção de leite.
Na redução de mamas, é
preciso retirar tecido da glândula mamária. "No caso dos
implantes, uma hipótese é
que a prótese pode comprimir a glândula", diz Abrão.
No Brasil, as plásticas de
mama respondem por cerca
de um terço das cirurgias estéticas, segundo dados da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
MENOS AGRESSIVAS
"Hoje as técnicas estão
menos agressivas e não comprometem a amamentação",
diz a cirurgiã plástica Débora
Galvão, do hospital Albert
Einstein.
"Antigamente retirava-se
muita glândula e até havia
interrupção da comunicação
com o mamilo, mas hoje preserva-se uma quantidade de
glândula suficiente para garantir a produção de leite e
não se interrompe essa comunicação", diz Alexandre
Mendonça Munhoz, cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês
Outro ponto a ponderar,
segundo ele, é que há diferenças entre as técnicas utilizadas -o que não foi avaliado na pesquisa. Isso explicaria o fato de muitas mulheres
não terem problemas. "E há
aquelas que não querem
amamentar ou têm medo de
"estragar" a cirurgia, por temer estrias ou flacidez."
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