São Paulo, quarta-feira, 24 de novembro de 2010

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Epidemia de Aids entra em declínio

Estudo da ONU em 182 países aponta queda no número de pessoas infectadas e nas mortes causadas pela doença

Ao mesmo tempo, doentes que precisam de tratamento e ainda não têm acesso a ele são 10 milhões no mundo

DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE

Cerca de 33,3 milhões de pessoas no mundo têm o vírus da Aids. Mas a epidemia começa a ser revertida, segundo relatório da Organização das Nações Unidas divulgado ontem.
Ao menos 56 países conseguiram estabilizar ou reduzir o número de novas infecções pelo vírus. Por outro lado, ainda falta acesso ao tratamento para cerca de 10 milhões de pessoas infectadas.
Grupos marginalizados como usuários de drogas e profissionais do sexo têm menos chance de conseguir medicamentos, segundo o programa da ONU para HIV/ Aids (Unaids).
"Pela primeira vez, podemos dizer que estamos quebrando a trajetória da epidemia de Aids. Menos pessoas estão sendo infectadas com o HIV e menos pessoas estão morrendo de Aids", afirmou o diretor executivo da Unaids, Michel Sidibe.
Desde o início da epidemia, nos anos 80, mais de 60 milhões foram infectados e quase 30 milhões de pessoas morreram por doenças relacionadas à Aids.

SEXO MAIS SEGURO
O relatório da Unaids mostra que as novas infecções por HIV foram reduzidas em 20% nos últimos dez anos.
Entre os jovens dos 15 países mais afetados pelo vírus, as taxas de contágio caíram em mais de 25%, por causa da adoção do sexo seguro.
Ainda assim, há duas novas infecções por HIV a cada pessoa que passa a se tratar. "Há alguns anos, havia cinco novas infecções a cada duas pessoas que começavam o tratamento", diz Sidibe. "Reduzimos a distância entre prevenção e tratamento."
Esses resultados não significam que o mundo possa declarar "missão cumprida" no caso da Aids, advertiu ele.
O estudo também mostra que uma em cada quatro mortes por Aids é causada por tuberculose, uma doença evitável e curável.

AMÉRICA DO SUL
Os números da doença para a América do Sul e Central apresentaram poucas mudanças, segundo o relatório. O contágio de crianças também está em queda.
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do ambulatório de Aids em Idosos do Emílio Ribas, em São Paulo, a estabilização da epidemia no país (desde o ano 2000) se deve às campanhas de esclarecimento da população e à distribuição de medicamentos. "Diminuindo a carga viral [do paciente], você reduz o risco de contaminação", afirma Gorinchteyn.
O médico diz que o desafio agora é conscientizar os mais velhos sobre o risco do contágio e estimular o uso da camisinha entre as pessoas com mais de 50 anos. "Há uma dificuldade de falar de sexo com os mais velhos. Eles não usam preservativo, se contaminam e pensam que Aids é só para jovem."


Com agências de notícias


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