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Epidemia de Aids entra em declínio
Estudo da ONU em 182 países aponta queda no número de pessoas infectadas e nas mortes causadas pela doença
Ao mesmo tempo, doentes que precisam de tratamento e ainda não têm acesso a ele são 10 milhões no mundo
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
Cerca de 33,3 milhões de
pessoas no mundo têm o vírus da Aids. Mas a epidemia
começa a ser revertida, segundo relatório da Organização das Nações Unidas divulgado ontem.
Ao menos 56 países conseguiram estabilizar ou reduzir
o número de novas infecções
pelo vírus. Por outro lado,
ainda falta acesso ao tratamento para cerca de 10 milhões de pessoas infectadas.
Grupos marginalizados
como usuários de drogas e
profissionais do sexo têm
menos chance de conseguir
medicamentos, segundo o
programa da ONU para HIV/
Aids (Unaids).
"Pela primeira vez, podemos dizer que estamos quebrando a trajetória da epidemia de Aids. Menos pessoas
estão sendo infectadas com o
HIV e menos pessoas estão
morrendo de Aids", afirmou
o diretor executivo da
Unaids, Michel Sidibe.
Desde o início da epidemia, nos anos 80, mais de 60
milhões foram infectados e
quase 30 milhões de pessoas
morreram por doenças relacionadas à Aids.
SEXO MAIS SEGURO
O relatório da Unaids mostra que as novas infecções
por HIV foram reduzidas em
20% nos últimos dez anos.
Entre os jovens dos 15 países mais afetados pelo vírus,
as taxas de contágio caíram
em mais de 25%, por causa
da adoção do sexo seguro.
Ainda assim, há duas novas infecções por HIV a cada
pessoa que passa a se tratar.
"Há alguns anos, havia cinco
novas infecções a cada duas
pessoas que começavam o
tratamento", diz Sidibe. "Reduzimos a distância entre
prevenção e tratamento."
Esses resultados não significam que o mundo possa declarar "missão cumprida" no
caso da Aids, advertiu ele.
O estudo também mostra
que uma em cada quatro
mortes por Aids é causada
por tuberculose, uma doença
evitável e curável.
AMÉRICA DO SUL
Os números da doença para a América do Sul e Central
apresentaram poucas mudanças, segundo o relatório.
O contágio de crianças também está em queda.
Para o infectologista Jean
Gorinchteyn, do ambulatório
de Aids em Idosos do Emílio
Ribas, em São Paulo, a estabilização da epidemia no
país (desde o ano 2000) se
deve às campanhas de esclarecimento da população e à
distribuição de medicamentos. "Diminuindo a carga viral [do paciente], você reduz
o risco de contaminação",
afirma Gorinchteyn.
O médico diz que o desafio
agora é conscientizar os mais
velhos sobre o risco do contágio e estimular o uso da camisinha entre as pessoas com
mais de 50 anos. "Há uma dificuldade de falar de sexo
com os mais velhos. Eles não
usam preservativo, se contaminam e pensam que Aids é só para jovem."
Com agências de notícias
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