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Droga antirretroviral é eficaz na prevenção
Pela primeira vez, estudo clínico prova efeito protetor do remédio contra infecção por HIV
DENISE MENCHEN
DO RIO
Pesquisa feita em seis países, Brasil incluído, mostrou
que o uso profilático de um
remédio antirretroviral reduz
o risco de infecção por HIV
em até 94,9% em homens
que fazem sexo com homens.
É a primeira vez que a eficácia dessa droga na prevenção da Aids fica comprovada.
A droga usada foi o Truvada, que inibe a replicação do
vírus e é uma das opções para o tratamento de pessoas
com HIV. No Brasil, ela está
em fase de registro junto à
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária).
O estudo envolveu 2.499
voluntários com alto risco.
Metade recebeu o Truvada, e
metade, placebo.
Todos foram orientados a
tomar um comprimido ao
dia. Eles recebiam camisinhas, aconselhamento psicológico e faziam testes de
HIV, além de testagem e tratamento de doenças que facilitam a infecção pelo vírus.
Ao fim da pesquisa, cem
pessoas tinham contraído o
vírus -36 no grupo que recebeu a droga (mas não necessariamente a tomou todo dia)
e 64 no grupo-controle.
Conforme aumentou a
adesão, aumentou a proteção. O melhor resultado foi
entre voluntários que tinham
praticado sexo anal passivo
desprotegido e tiveram detectada a presença da droga
no sangue. O risco de contágio foi 94,9% menor do que
entre os que não tinham sinais da droga no sangue.
"É um marco na história
da prevenção da Aids", diz a
infectologista Valdiléa Veloso, da Fiocruz, que conduziu
o projeto no Brasil com a USP
e a UFRJ. Os dados, diz ela,
abrem a possibilidade de que
os antirretrovirais sejam incorporado às opções de prevenção. Novos estudos serão
necessários para apurar a eficácia em outros grupos.
Outro desafio é garantir a
adesão à droga. O coordenador da pesquisa na UFRJ,
Mauro Schechter, diz que ela
ficou abaixo do esperado.
EFEITOS
O funcionário público Fábio Santana, 37, um dos voluntários da pesquisa no Rio,
diz que teve a ajuda da avó,
para não esquecer de tomar a
droga. "Todo o dia, no café
da manhã, ela tomava os remédios dela, e eu, o meu."
Santana, que não sabe se
recebeu placebo ou remédio,
diz não ter sentido efeitos adversos. Outros voluntários tiveram náuseas e elevação
dos níveis de creatinina.
O diretor do Departamento
de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde,
Dirceu Greco, diz que o uso
profilático de antirretrovirais
pode ser útil em situações em
que o uso de preservativo é
difícil de ser negociado.
Ele diz, porém, que a pesquisa traz embutido o risco
de "medicalizar a prevenção", o que pode ter efeitos
danosos a longo prazo, como
a criação de resistência aos
medicamentos. "As pessoas
não podem diminuir o uso do preservativo."
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