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Universidade testa nova cirurgia para reverter impotência
Técnica pretende resolver disfunção erétil em homens que passaram por radioterapia ou retirada da próstata
Procedimento, que foi desenvolvido na Unesp de Botucatu, será gratuito; pesquisadores buscam voluntários
ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
Uma técnica experimental
desenvolvida na Unesp (Universidade Estadual de São
Paulo) pode reverter a disfunção erétil em homens que
fazem radioterapia ou passaram por cirurgia de retirada
total de próstata.
Esses procedimentos podem provocar lesões em nervos que ajudam na ereção,
provocando a impotência.
O método usa a reinervação - uma espécie de "ponte" feita entre nervos- para
recuperar a ereção de pacientes que já tentaram tratamentos com comprimidos ou injeções, sem resultado.
A pesquisa da Unesp de
Botucatu (238 km de SP) quer
aplicar na região peniana a
mesma técnica que já é usada em outras áreas do corpo.
A "ponte" liga nervos lateralmente depois de desviar
da área lesionada em função
da retirada da próstata. "É
como um gato na fiação elétrica", compara o cirurgião
plástico Fausto Viterbo, que
estuda o método há 18 anos.
A reinervação já foi aplicada em casos de paralisia facial, recuperação das cordas
vocais e restauração de sensibilidade, diz Viterbo.
O ineditismo aqui consiste
em usar a técnica para recuperar a ereção, segundo o
urologista e ex-reitor da
Unesp José Carlos Souza
Trindade. O médico explica
que serão retiradas "tiras" de
outros nervos com a mesma
origem dos eretores do pênis.
Especialistas ouvidos pela
Folha disseram que um outro tipo de reinervação já
costuma ser feito durante a
cirurgia de retirada de próstata. Na técnica, os nervos
são ligados pelas pontas -e
não lateralmente. Mas os resultados não são plenos.
"Há uma cápsula protetora nos nervos que, aparentemente, teria que ser cortada
para que impulsos elétricos
passem", diz Viterbo.
Mas pesquisas indicam
que nervos ligados lateralmente podem se fundir e
transmitir os impulsos. "É
como fios de cobre com capas plásticas. Se ligarmos os
fios no meio sem cortar os
plásticos, a energia não passa. Mas nos nervos é diferente. A natureza se regenera."
Para Joaquim Claro, urologista da Faculdade de Medicina da USP, é "diferente" recuperar a sensibilidade da
face, por exemplo, e restabelecer "atividade neural não
sensitiva, como a ereção".
Marcos Dall'Oglio, da Sociedade Brasileira de Urologia, diz que é preciso esperar
os resultados comprovados
para avaliar a operação.
VOLUNTÁRIOS
A pesquisa, aprovada pelo
Comitê Nacional de Ética, seleciona voluntários: homens
entre 45 e 70 anos há pelo
menos dois anos sem ereção.
O procedimento é gratuito.
As primeiras cirurgias serão
feitas em outubro. Os pacientes serão avaliados após 6, 18
e 24 meses.
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