São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Cai a patente do Viagra; genérico chega em junho

Fim da exclusividade da fórmula foi decidida pelo STJ; laboratório pode recorrer

Aumento da concorrência no mercado da disfunção erétil no país deve baixar preços dos medicamentos em pelo menos 35%


ÂNGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu ontem que a patente do Viagra, usado no tratamento de disfunção erétil, expira no dia 20 de junho.
A decisão permite a fabricação de medicamentos genéricos com o mesmo princípio ativo a partir dessa mesma data. A Pfizer, que tinha a exclusividade de comercialização, pode recorrer. A expectativa, agora, é que os medicamentos dessa categoria fiquem mais baratos, em função da concorrência acirrada.
Ao menos quatro novas drogas com o mesmo princípio ativo do Viagra já providenciaram seu registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e devem chegar às farmácias no dia 21 de junho: Anviryl, Viasil, Silvigor e Granvia.
Hoje, uma caixa com quatro comprimidos do Viagra é vendida por, no máximo, R$ 127,80. Mas, segundo uma pesquisa de mercado feita pela Anvisa, os valores praticados no varejo nacional são, em média, 32% mais baixos.
A legislação brasileira estabelece que os medicamentos genéricos têm que custar pelo menos 35% menos do que os preços máximos do remédio original. Mas o valor final acaba ficando, em média, 50% menor, de acordo com Odnir Finotti, presidente da Pró-Genéricos, associação que reúne fabricantes do setor.
A expectativa de Finotti é que, um ano depois do início da comercialização, as vendas de genéricos contra disfunção erétil atinjam o faturamento de R$ 200 milhões. A avaliação, segundo ele, tem base no que aconteceu com outros medicamentos que entraram no mercado dos genéricos.

Segundo da lista
O Viagra (citrato de sildenafil) é o segundo remédio mais vendido entre os 12 disponíveis dessa categoria no Brasil. Perde só para o Cialis, da Eli Lilly. No ano passado, as vendas dessas drogas movimentaram mais de R$ 500 milhões no país, segundo a consultoria IMS Health.
Só o Viagra e o Cialis, juntos, responderam por mais de 75% desse valor. O faturamento da pílula azul no Brasil, no ano passado, foi de R$ 170 milhões -o que equivale à venda de 7 milhões de comprimidos, segundo a Pfizer.
No ranking geral de medicamentos, o Viagra ocupa a sexta posição entre os mais consumidos, ficando à frente de drogas como Tylenol, Rivotril, Yasmin e Benegripe. Perde para Dorflex e Neosaldina.
Com a expiração da patente, ao menos mais 17 drogas devem chegar ao mercado usando o mesmo princípio ativo do Viagra: as quatro que já têm registro, além de outras 13 que estão com o pedido em análise.
Dessas 13, sete são genéricas (aquelas com ação idêntica ao remédio original) e seis são similares (têm ação parecida, mas não garantem o mesmo efeito clínico do original). A Eli Lilly, fabricante do Cialis, disse em nota que "o vencimento das patentes é um processo natural e que o impacto dessa decisão para a categoria depende de inúmeros fatores".

Colaborou JULLIANE SILVEIRA, da Reportagem Local



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