São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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FOCO

Nasce em SP menina gerada na barriga da avó de 59 anos

Silva Junior/Folhapress
Talita, que "emprestou" o útero de sua mãe, e o marido, Guido, em entrevista após o parto

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

A mãe mora na Itália e acompanhou a gestação da própria filha pela internet. Enquanto isso, o bebê crescia no útero da avó, no Brasil. Ontem, nasceu Alice, a protagonista desta história que mais parece filme de ficção.
A menina foi gerada pela avó, Eunice Martins, 59, de Franca (SP), porque a mãe, a esteticista Talita Cristina Andrade, 32, não tem útero.
A gravidez aconteceu na terceira fertilização in vitro, feita em uma clínica em Ribeirão Preto. Na primeira, o tratamento falhou e, na segunda, Eunice perdeu os bebês -eram gêmeos.
No processo de fertilização, os óvulos de Talita (ela tem os ovários) foram fecundados com os espermatozoides do marido, o italiano Guido Damiano. Depois, os embriões foram transferidos para o útero da avó.
O procedimento é chamado de útero de substituição. O Conselho Federal de Medicina só permite que ele seja feito entre parentes até segundo grau (mãe, irmã, tia), desde que exista um problema médico que impeça a gestação da mulher e não tenha caráter comercial.
"Quero passar para as mães que estão na mesma condição que eu para não desistir. Nada é impossível", afirmou Talita, minutos antes de a filha nascer.
Ela e o marido chegaram ao Brasil nesta semana para acompanhar o parto. Talita está tomando hormônios para estimular a produção de leite e pode, assim, amamentar a filha. "É maravilhoso. Só uma mãe mesmo faz isso para a gente. Minha mãe me deu a vida duas vezes."
Alice nasceu às 11h32 de ontem, por meio de uma cesariana, com 2,285 kg e 45 cm, na Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão.
A gestação estava na 36ª semana, e o parto foi antecipado em 15 dias a pedido de Eunice, que é mãe de outros dois filhos, além de Talita.
"Ela estava sentindo muitas dores na perna. Por haver risco de edema ou trombose, decidimos acatar o pedido dela e antecipar o parto", diz o ginecologista e obstetra Fernando Marcos Gomes.
Segundo ele, por se tratar de gravidez de alto risco, em razão da idade avançada para a maternidade, Eunice passou por uma minuciosa avaliação, com exames cardiovasculares e hemodinâmicos, antes do tratamento.
"Ela tem ótima saúde. A gravidez transcorreu normalmente", disse Gomes.
A cesárea durou meia hora. Avó e neta passam bem e devem ter alta até sábado. Os pais planejam voltar à Itália com a filha em um mês.


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