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AVIS RARA
No Museum of Bad Art, em Massachusetts, quando mais feio o quadro, melhor
por DENISE MOTA, de MONTEVIDÉU
O MELHOR DO PIOR
Em Massachusetts, nos EUA, o MOBA (Museu de arte Ruim) expôe o suprassumo da criação equivocada
Na próxima vez em que você olhar para uma mesa coberta de livros de arte e ficar em dúvida entre contemplar o catálogo do Museu de Arte Moderna de
Nova York ou uma amostra das preciosidades do Louvre, dê uma chance ao MoBA.
Trata-se do Museum of Bad Art (museu de arte ruim), um bastião de concepções artísticas equivocadas cravado nos subsolos de dois cinemas de Massachusetts, nos EUA: o Dedham Community Theater e o Somerville Theater.
Flores flutuantes, rostos azulados, bichos de estimação, naturezas-mortas e uma homenagem à Mona Lisa são algumas das 400 joias garimpadas pela instituição em lixos, vendas de garagem, feiras, antiquários e por meio de doações, algumas anônimas, de diversas partes do planeta.
Mas não é qualquer peça que pode fazer parte dessa galeria, disponível também on-line (www.museumofbadart.org). O principal critério de seleção é a obra ter sido executada com aspirações artísticas malsucedidas.
Além disso, alguns autores são considerados "café com leite" e estão a salvo de ser escolhidos. "Não acreditamos que crianças façam arte ruim e não consideramos obras comerciais, porque não são arte", explica à Serafina Michael Frank, curador-chefe do MoBA.
Aberta há 17 anos, a instituição de 10 mil associados nasceu com o objetivo de "preservar, exibir e celebrar a arte ruim em todas as suas formas", como se lê na apresentação do museu.
A ideia surgiu com a tela "Lucy in the Field with Flowers" –o retrato desconjuntado de uma mulher em um campo florido–, encontrada no lixo pelo marchand Scott Wilson. O propósito de reunir trabalhos ruins passou a interessá-lo e a alguns de seus conhecidos, e se provou um sucesso do boca a boca quando, em uma das mostras, um ônibus fretado estacionou na frente da galeria (à época, o sótão da casa de um amigo) com dezenas de curiosos.
Em 1996, o MoBA publicou seu primeiro livro,"The Museum of Bad Art: Art Too Bad to Be
Ignored" (arte ruim demais para ser ignorada).
"Os trabalhos variam de obras em que autores talentosos se equivocaram redondamente a outras, de execução exuberante, feitas por pessoas que mal conseguem controlar o pincel", explica um texto sobre a coleção. A (auto)ironia acompanha as atividades do MoBA que, como todo museu que se preza, também oferece suvenires: canecas, camisetas, pôsteres, postais e livros, a US$ 15 cada um. As vendas, junto às doações, são suas fontes de renda. A instituição promove exibições gratuitas nas sedes de Massachusetts e eventuais mostras itinerantes em cidades como Nova York e Otawa (Canadá).
"Adoraríamos ter arte brasileira na nossa coleção", diz Frank. No entanto, entre 80% e 90% dos trabalhos oferecidos são rejeitados. "Os curadores estão encarregados da solene responsabilidade de manter os baixos padrões do museu.
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