São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010

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CAPA

Roupas, perfumes, cinema, TV: estamos cercados de Sarah Jessica Parker por todo os lados

por TETÉ RIBEIRO, de Londres

SARAH JESSICA PARKER INC.

Se tudo acontecer conforme a atriz parece planejar, esta será a era de Sarah. pelos olhos e ouvidos, pelo tato ou pelo nariz, nós apenas consumiremos o que ela produzir

É quase uma sacanagem chamar Sarah Jessica Parker de "a estrela da franquia 'Sex and the City'". Aos 44 anos (completa 45 dia 25 de março) e 37 de carreira, tem 30 longas-metragens, várias séries, filmes para TV e peças de teatro no currículo, desde que começou a trabalhar e sustentar os dez membros de sua família aos sete anos de idade. Ganhou quatro Globos de Ouro, dois Emmy e está indicada, neste ano, para o Framboesa de Ouro como pior atriz (sim, pior) pelo filme "Cadê os Morgan?", que estreia em março no Brasil (mais sobre isso daqui a pouco).
Mas não adianta maquiar, foi por "Sex and the City", a série, que ela virou estrela. E por causa do sucesso de "Sex and the City – O Filme", que ela ajudou a produzir, passou a ser considerada um gênio dos negócios. A atriz que falava em nome dos conflitos amorosos das solteiras de 30 mostrou aos executivos de Hollywood, aos 40, que mulheres desacompanhadas conseguem ir ao cinema.
E é por causa de "Sex and the City 2", com estreia mundial programada para 28 de maio, que virou assunto novamente. Desta vez, no entanto, pretende aproveitar o vento a favor para ampliar ainda mais as várias ramificações de sua carreira. Sarah Jessica Parker está de olho no poder de consumo das mulheres do mundo inteiro.
Aos fatos:
1) Neste mês, lançou seu quarto perfume feminino, SJP NYC, inspirado em sua personagem mais famosa, a escritora Carrie Bradshaw.
2) Assinou um contrato com a marca de roupas Halston para dirigir uma linha vintage da grife, batizada de Halston Heritage.
3) Sua produtora, Pretty Matches, acaba de comprar os direitos para transformar em série o livro "Prospect Park West", da jornalista Amy Sohn.
E ainda estamos em fevereiro. E ainda nem falei das gêmeas.
Mas ela, sim, falou disso e muito mais. A primeira entrevista aconteceu no hotel The Dorchester, em Londres, cidade escolhida pela segunda vez seguida para a première de um filme dela. (Para quem estava escondido embaixo de uma pedra sem acesso, a notícias, em Londres, é que "Sex and the City - o Filme" foi exibido, pela primeira vez, em maio de 2008.) A escolha da cidade não causou polêmica dessa vez, afinal, em "Cadê os Morgan?" SJP atua ao lado de Hugh Grant, tão londrino quanto ela é nova-iorquina.

CABELÃO E SAPATOS
Na noite anterior, ela havia enfrentado o frio e a chuva típicos do inverno na Inglaterra com humor e pouca roupa –um minivestido justo tomara que caia rosa, salto altíssimo roxo da designer inglesa Charlotte Olympia. E diamantes, muitos, em um colar em forma de cobra. Cabelão cor de mel à la Gisele, maquiagem só nos olhos e voilà. Estava acompanhada apenas de um amigo, o designer americano L'Wren Scott, que assina a criação do modelo que vestia. Era o da passarela, da coleção primavera/verão 2010, alterado para acomodar seus peitões, não sobrar ao redor do torso mínimo e cobrir apenas a metade superior da coxa.
"Já estive em lugares bem mais gelados vestindo menos que isso", explicava a quem perguntava se não estava com frio. Mas, volta e meia, quando uma entrevistadora daquelas de tapete vermelho começava a demorar nas perguntas, uma alma boa trazia um guarda-chuva e um sobretudo.
Nas entrevistas do dia seguinte, estava de vestido cinza escuro sem manga com saia rodada, que ela jura que era emprestado e não lembrava da marca, salto altíssimo Christian Louboutin, seu atual preferido, e uma atitude um pouco mais defensiva do que nas entrevistas de lançamento de "Sex and the City – o Filme", a única outra ocasião em que a encontrei pessoalmente.
Daquela vez (em 2008), SJP queria deixar muito claro que ela e Kim Cattrall (a Samantha da série) eram muito profissionais e que, ainda que não fossem melhores amigas, trabalhavam juntas muito bem.
Pediu que eu mantivesse "off the records" uma única resposta, à pergunta sobre se ela pretendia ter mais filhos; disse que tinha medo de ser mal-interpretada.
Agora, sua maior preocupação parece ser o medo de que a decisão de ter tido as gêmeas Marion e Tabitha, nascidas em junho com a ajuda de uma barriga de aluguel, seja considerada fútil. "Estava há anos tentando engravidar, mas não consegui. Comecei a explorar outros métodos de ter mais filhos e esse foi o primeiro que deu certo", explica. "Adorei ficar grávida [ela também é mãe de James,6]. Além disso, sou bem remunerada e poderia tirar o tempo que quisesse para me dedicar a uma gravidez. Não sou tão superficial", completou, algo irritada.
E olha que ela ainda nem sabia que seria indicada ao Razzie, apelido do prêmio Framboesa de Ouro, que desde 1981 é entregue aos piores do ano um dia antes do Oscar.
No próximo dia 6, Sarah Jessica "disputa" a Framboesa de Pior Atriz por "Cadê os Morgan?", quase um anti- "Sex and the City". Se não é exatamente uma honra, também não é um vexame –quer dizer que todo mundo está prestando atenção e apostando que ela é melhor que o filme lançado.

FAMÍLIA POBRE
Sarah Jessica Parker estreou como atriz aos sete anos, com quatro de seus sete irmãos, em uma peça na Broadway chamada "Os Inocentes". A família morava na cidadezinha de Nelsonville, em Ohio, mas se mudou para Nova Jersey quando os filhos conseguiram trabalho na Broadway. O dinheiro que ganhavam era a maior parte da renda da família, que era muito pobre. O padrasto vivia sendo demitido, e a mãe não podia trabalhar com tantas crianças em casa, então levava os filhos em testes para peças e comerciais.
Quando completou o colegial, Sarah se mudou para Los Angeles, dessa vez sem a família. Foi lá que conheceu Robert Downey Jr, seu primeiro namorado sério. Ficou com ele de 1984 a 1991. Depois namorou Nicolas Cage, seu par romântico no filme "Lua de Mel a Três". Em 1993, voltou para Nova York e foi muitíssimo bem recebida. Seu primeiro namorado na cidade deixa qualquer Mr. Big no chinelo. Foi John Kennedy Jr., o John John (1960-1999), para horror de Jackie O., que odiava ver seu filho acompanhado de atrizes. Em 1994, conheceu Matthew Broderick, amigo de um de seus irmãos, e desde 1995 está com ele.
A carreira dela estava tomando um rumo bem independente, com filmes diferentões como os de Tim Burton. Entre um longa e outro, fazia peças na Broadway. Era queridinha da crítica, mas desconhecida pelo público. Até "Sex and the City", que durou de 1998 a 2004 e teve seis temporadas. A partir da segunda, já acumulava os cargos de protagonista e o de consultora-executiva. Na quarta, virou produtora-executiva.
Quando a série acabou, seguiu o conselho de seu pai, que, uma vez, disse a ela que a filha só teria verdadeira independência financeira depois de juntar pelo menos US$ 8 milhões, e decidiu apostar mais no seu lado empresária. Pois, desde então, faturou US$ 20 milhões só em comerciais.
Uma outra paixão privada acabou se tornando pública, a por perfumes. Quase como hobby, a atriz costumava misturar óleos essenciais que comprava em lojas de produtos naturais para usar depois do banho. Em 2005, em uma atitude que se provou über lucrativa, lançou Lovely. Dois anos depois, mais um cheirinho: era Covet, o segundo perfume. E, no ano passado, Endless, esse feito por um perfumista profissional, mas com o nome dela no frasco. São todos levinhos e gostosos, mais para lavanda Johnson do que para Loulou de Cacharel –pelo menos, os lançados até agora.
Em Londres, ela disse algo assustador: "Adoro cheiro de suor, acho sexy. Ainda vou criar uma maneira de fazer o cheiro ser agradável para todo mundo". Eca.
Neste ano, com o sucesso de "Sex and the City 2" praticamente garantido, a atriz parece ter decidido misturar todos os talentos e desejos e invadir de vez o mercado feminino. Daí o novo perfume ser inspirado na personagem. A linha de roupas vintage para a grife Halston também não é mera coincidência. Além de ela usar modelos Halston no figurino do novo filme, uma das primeiras fotos da nova aventura de Carrie e Cia que apareceu na rede mostrava exatamente um flashback para os anos 1980, quando a personagem se muda para Nova York. SJP está de jeans branco justinho, cabelo estilo Madonna na época, moletom à la Flash Dance e um All Star. Alguém duvida que as peças vão estar na nova coleção?
Sarah Jessica quer dominar o planeta feminino. E quer saber? Estaremos em boas mãos.

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