São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009 |
| |||
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DESENHO Fernanda Viégas e o mundo visto com óculos especiaispor TIAGO DÓRIA DOUTORA PLANILHA Criadora do Many Eyes, ferramenta adotada pelo "the New York Times", a designer brasileira quer tornar acessível e menos chata a visualização de dados Já imaginou ter "óculos especiais" que permitem visualizar e entender, em pouco tempo, uma grande quantidade de informação e números complexos? É assim que a brasileira Fernanda Viégas, 37, define a "data visualization" (visualização de dados), seu objeto de estudo desde os anos 1990. Por visualização de dados, entenda-se infográficos –tudo o que visualmente pode transformar dados, atuais e antigos, em informação simples e fácil de ser apreendida. "Temos na web dados abertos sobre transporte, saúde, economia. Empresas, governos e pessoas estão colocando suas vidas na rede, vide Facebook ou Twitter. É muito bom ter essas informações reunidas, mas a gente precisa de tradutores para entendê-las. A visualização de dados é um modo de fazer isso", explicou durante a rápida passagem que fez por São Paulo para participar do TEDx, série de conferências que reuniu pensadores de diversas áreas do conhecimento no começo de novembro. "De todos os sistemas, o visual é o melhor para entender informações complexas. Imagine a diferença entre ler e visualizar graficamente uma planilha", disse a designer. Com o Many Eyes (http://manyeyes.alphaworks.ibm.com), você pode, por exemplo, fazer o "upload" de suas listas de compras de supermercado e saber quais produtos mais adquiriu nos últimos anos. Ou, ainda, a partir de transcrições de discursos de políticos, saber quais palavras eles mais utilizam. "Durante anos a visualização de dados ficou restrita a especialistas e acadêmicos. Chegou a hora de mudar isso", diz Fernanda. Foi exatamente essa capacidade de converter dados burocráticos em algo atraente que chamou a atenção do "New York Times": menos de um ano após seu lançamento, o jornal americano fechou uma parceria para utilizar o sistema como "motor" para a criação de alguns dos conceituados infográficos de sua versão digital. OLHA O MEU GRÁFICO! Foi no MIT que teve contato com o projeto PostHistory, em 2001. Milhares de e-mails foram analisados e transformados em gráficos. A partir do experimento, era possível descobrir quais assuntos uma pessoa mais conversava com cada contato de seu e-mail, além de seus padrões de conversação. O projeto criou uma nova forma de contar a vida de alguém por meio de sua correspondência eletrônica. "As pessoas que participaram do experimento começaram a enviar para amigos os gráficos criados a partir de seus e-mails, para mostrar como elas eram. Passaram a compartilhar os gráficos como se fossem fotos", conta. Naquele momento Fernanda percebeu o que a faria ficar fascinada pela visualização de dados: os gráficos poderiam ser utilizados para fomentar debates públicos sobre diversos assuntos. "A informação quer ser livre. Portanto, quanto mais pessoas entenderem, mais teremos consumidores de mídia conscientes." Próximo Texto: PESSOA FÍSICA: As peripécias do francês Jean Thomas Bernardini Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É Proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou imPresso, sem autorização escrita da Folhapress. |