São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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Cartas

Ritalina ou não?
Em resposta às cartas publicadas na última edição do Sinapse em relação à minha entrevista "Os inimigos da infância", gostaria de fazer alguns esclarecimentos. Os psicopedagogos não prescrevem Ritalina, mas isso não muda o fato de que, como acontece com diagnósticos de "dislexia", está havendo, por parte deles, uma precipitação inaceitável em lançar sobre crianças a suspeita de "sofrer de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade)". Muitos neurologistas podem confirmar isso. "Desserviço", para retomar o termo utilizado pela psicóloga Iane Kestelman ao comentar minha entrevista, é fingir que há consenso onde existe uma imensa controvérsia. Para dar um exemplo, pesquisadores da Universidade do Texas (EUA) identificaram alterações nos cromossomos de 12 crianças que tomaram Ritalina por três meses. A própria FDA (agência norte-americana que fiscaliza bens alimentícios e farmacêuticos) recomendou a realização de novas pesquisas. Tenho grande respeito pela profissão de psicopedagogo e por todos os profissionais que a exercem encarando cada caso como especial. Minha crítica é àqueles que, a partir de indícios comportamentais e da aplicação pouco criteriosa de testes, precipitam-se em transformar essas dificuldades em síndromes ou doenças quando, na maioria dos casos, elas não o são. Está mais do que na hora de psicopedagogos, fonoaudiólogos e neurologistas começarem a discutir essa questão com a seriedade que ela merece.
Luca Rischbieter, pedagogo, Curitiba (PR)

Achei muito oportuna a entrevista do sr. Luca Rischbieter e, por outro lado, previsível a reação daqueles que a contestaram. Acontece exatamente o que ele demonstra: os profissionais que são empregados das escolas não fazem muito esforço para verificar o que, exatamente, ocorre com os alunos. Crianças com cinco anos ou até menos são dirigidas a testes infindáveis para que sejam diagnosticadas como hiperativas ou o que valha. Como é muito cômodo para todos, dá-lhe Ritalina e Concerta. Ao tomar essas drogas receitadas pelos experts comportamentais, meu filho fica derrubado -e tudo isso apenas para que a escola possa lidar melhor com ele e com outros do mesmo tipo. Sinal dos tempos. Se, como menciona a sra. Kestelman, o TDAH é hereditário, como foi que minha mulher e eu conseguimos estudar por mais de 20 anos sem repetência, sem problemas comportamentais e, melhor de tudo, sem tomar essas drogas todas?
Claudio Vieira de Melo, vendedor, São Paulo (SP)

Salsichas
O artigo "A avaliação da performance das escolas" (edição de agosto), de Rubem Alves -de quem tive a honra de ser aluna- é extremamente interessante porque analisa o que a maioria das escolas tem feito por seus alunos (e o resultado é entristecedor). Além disso, ele toca num ponto crucial: todos fazemos críticas intensas, mas nós mesmos não as levamos a sério.
Doralice Araújo, professora, Curitiba (PR)

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