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Três anos em busca do emprego
Aos 38 anos e com um pós-doutorado na França
no currículo, a bióloga Ana Paula Costa agora pode dizer: "Tenho um emprego". Hoje, ela ensina biologia
molecular e genética na Universidade Presbiteriana
Mackenzie, em São Paulo.
Na teoria, bastaria ter concluído o mestrado para
que ela pudesse ministrar aulas no ensino superior.
Na prática, a concorrência torna o processo seletivo
brutal. Até ser contratada, ela prestou dois concursos
para ser pesquisadora na iniciativa privada (na Copersucar e na Alellyx, empresa de biotecnologia do grupo
Votorantim) e um para participar de projeto desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia do Paraná em parceria com cooperativas daquele Estado. Fora a iniciativa
privada, Ana Paula tentou durante três anos conseguir
trabalho em seis faculdades particulares. Ela também
quis ser ser professora da USP (Universidade de São
Paulo), mas não foi aprovada no concurso.
Qualificações não faltavam. Da graduação ao doutorado, ela estudou na USP. O pós-doutorado no exterior fazia parte do Projeto Genoma. Para fechar, na volta ao Brasil, Ana Paula conseguiu bolsa da Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo) para mais um pós-doutorado, uma pesquisa
sobre a cana-de-açúcar.
O problema é que os concorrentes também eram
qualificados, e eram muitos. No Paraná, ela disputou a
vaga não apenas com biólogos mas também com engenheiros agrícolas, veterinários e químicos. Todos
com doutorado. Na USP, o laboratório que abriu uma
vaga não contratava ninguém havia dez anos. Resultado: oito pessoas com o perfil exigido se inscreveram. E
ela ficou em segundo lugar.
"Nesses três anos, me candidatei a todos os empregos que apareceram na minha área, mas, como é uma
área muito específica, aparece pouca coisa e, então,
todo mundo corre atrás", diz. (LF)
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