São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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"Eu saí pela saúde da TAM"

No dia 8 de julho de 2001, o presidente da TAM, comandante Rolim Adolfo Amaro, morreu em um acidente aéreo. Seus herdeiros não haviam sido treinados para assumir as rédeas de uma empresa que, só em 2000, embarcou cerca de 1,2 milhão de pessoas por mês. Acompanhe o relato de Maria Claudia Amaro, 34, filha mais velha de Rolim, sobre o tumultuado processo de sucessão na companhia.
"Meu pai nunca se preocupou em nos preparar para sermos acionistas, mas para sermos trabalhadores. Meu irmão Maurício e eu éramos executivos sentados em cadeiras de acionistas, que se revelaram incômodas assim que meu pai morreu. Você não herda relacionamento nem confiança. Você herda uma empresa e as pessoas não necessariamente acham que você a mereça. Comecei a trabalhar na TAM em 1992, depois de seis anos de estudos nos EUA. A empresa não tinha nem computador. Estruturamos o departamento de marketing, o serviço de bordo, a distribuição de brindes. Criamos o primeiro cartão de fidelidade do Brasil, em 1995, e era comum virarmos a noite tentando colocar nosso site no ar ou implementando as idéias do meu pai, que eram muitas. Em 1996, a TAM foi eleita pela revista "Airline Business" a companhia mais rentável do mundo. No ano seguinte, passei de gerente a diretora de marketing, mas ser filha do dono atrapalha na hora de ter legitimidade. Quando meu pai morreu, ficamos sem rumo, mas sabíamos que a empresa precisava de um presidente. Nomeamos meu tio Daniel [Mandelli Martin] no mesmo dia em que meu pai foi enterrado. Optamos pela escolha natural da família. Minha mãe, Noemy, assumiu a presidência do conselho administrativo. Uma semana depois da morte do meu pai, meu chefe me chamou e disse que não se sentia mais confortável sendo meu superior hierárquico. Como eu aceitaria as decisões dele sendo acionista? Concordei e me afastei da empresa. Eu saí pela saúde da TAM. Acho um absurdo o capital ser penalizado com a interrupção de uma carreira brilhante como a que eu vinha construindo lá, mas não tive saída. Não podia correr o risco."


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