São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2011

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Larry Page já comanda mudanças no Google

Antipatia em relação à Microsoft prossegue

CHARLES ARTHUR
DO "GUARDIAN"

Ao tomar das mãos de Eric Schmidt as rédeas do Google, o cofundador Larry Page, 38, já começa a imprimir sua marca na forma como a empresa é organizada e dirigida.
Determinou que gerentes de produto e de engenharia lhe encaminhassem informações sobre seus projetos em curso e, com o objetivo de torná-los mais concisos, eles tiveram de descrever seus projetos em 60 palavras ou menos, expondo diretamente as suas ideias.
Os resultados continuarão sendo o fator decisivo para as tomadas de decisão. Para o Google, mais cliques significam maiores lucros com publicidade --a empresa embarcou em um enorme teste com milhões de usuários do Gmail como cobaia, no qual eram monitorados os cliques conforme lhes eram oferecidas cores com pequenas variações de azul. Os resultados venceram --e o novo Google, com um cientista da computação à sua frente, irá reiterar a importância de sempre seguir os resultados.
Fazer algo no espaço do "software social" continua sendo uma ambição para o Google, mas Page se mostra um pouco distante disso. Ele não está no Facebook nem no Twitter (diferentemente de Schmidt, que elipticamente anunciou sua saída por meio do microblog). O Google já tem um longo histórico de insucesso em se tratando de software social.

PROCESSO ANTITRUSTE
Há outros desafios para Page. A palavra antitruste pode ser uma dor de cabeça. A Comissão Europeia (CE) enviou conjuntos de três questionários detalhados a agências de propaganda da Europa, perguntando sobre a eficiência do funcionamento do mercado de publicidade on-line e se o Google tem se comportado de maneira excessivamente dominante, usando o seu peso para impedir que outras empresas compitam em condições de igualdade.
Analistas do setor surpreenderam-se com a ironia de a Microsoft ter entrado nessa discussão na semana passada, quando apresentou uma queixa de violação antitruste à CE, expondo a situação em tom mais de dor do que de raiva e reconhecendo o seu próprio passado turbulento no que se refere a violações de normas antitruste da Comissão Europeia.
Uma coisa não mudará com a ascensão de Page: a profunda antipatia sentida dentro do Google em relação à Microsoft.
Não há qualquer chance de o Google enfraquecer o principal monopólio da Microsoft, o Windows; os laptops com Chrome OS que o Google está encorajando fabricantes de PC a produzirem serão viáveis apenas para um pequeno grupo que vive uma vida sempre conectada.
Se o Google, porém, for capaz de começar a minar o monopólio do Office, que gera a outra metade dos lucros da Microsoft, poderá, assim, iniciar a desestabilização de seu velho inimigo.
Atualmente, a Microsoft permanece sendo a única empresa capaz de desafiar o Google em todas as frentes --sistemas operacionais para smartphone, serviços na nuvem e busca.


Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS


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