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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
Os velhos novos e os novos velhos
MUITO SE DIZ a respeito da
emblemática idade dos 40
anos. Se a vida começa ou
não na quarta década, é certo
que termine cada vez mais
longe dela. Ninguém mais
pergunta a idade de Steve
Jobs, Richard Branson ou Madonna, nem se espanta que
os meninos Thomas Friedman e Alan Greenspan sejam
destaques editoriais para explicar um mercado de wikinomias e freakonomias.
O mundo vem envelhecendo, e a notícia não é exatamente nova. No ritmo em que
a longevidade cresce, jovens
de cabelo cinza que gritavam
que "não se pode confiar em
alguém com mais de 40" logo
dirão o contrário.
Mas como fatos mudam
mais rápido do que mentalidades, muitas empresas ainda resistem à contratação de
profissionais maduros enquanto organizam simpósios
e palestras para tentar compreender as crianças mimadas e inseguras que rotulam
de geração Z.
Desde a virada do século,
milhares de profissionais acima dos 40 já perderam o emprego, e o governo (pra variar) já cogita criar cotas ou
distribuir incentivos. Há
quem culpe a CLT, a aposentadoria ou a carga tributária.
Isso não resolve o problema.
Em um mundo de trabalhadores cada vez mais velhos,
que se orgulham de estar ativos até além dos 80, a conta
simplesmente não fecha.
Do outro lado da portaria,
a situação não é exatamente
confortável. Mesmo com salários e benefícios, o contingente de executivos cada vez
mais novos e inexperientes,
pressionados pelo excesso de
competitividade, cresce a cada instante. Os médicos de
empresas já não se surpreendem ao ver hipertensão, estafa e fadiga crônica em velhos
de vinte e poucos.
Com família para sustentar
e sem emprego formal, o executivo maduro acaba virando
consultor ou empresário, tendo como cliente a mesma empresa que não o aceitaria em
seus quadros. À medida que
cresce o número de fornecedores intelectuais, a situação
se complica. Em poucos anos,
o número de profissionais estratégicos do lado de fora de
uma empresa será maior do
que o de seus funcionários.
Nos anos yuppies, dificilmente "The Office" ou Dilbert
fariam sucesso. Hoje é cada
vez mais raro encontrar quem
goste sinceramente de seu cotidiano profissional. Isso pode ser o sinal de que alguma
mudança importante está para vir. A questão que incomoda é como sobreviver até que
ela chegue.
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