São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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PRODUTIVIDADE
Conceitos como organização e trabalho em equipe fazem rendimento da empresa crescer até 20%
Qualidade seduz microempresários

ADRIANA SOUZA SILVA
free-lance para a Folha

VINÍCIUS PRECIOSO
da Reportagem Local

Não é de hoje que a busca pela qualidade total está na pauta de qualquer planejamento empresarial que visa mais competitividade.
O fato é que, na atual conjuntura econômica, com retração no consumo, investir em certificados como os da série ISO 9000 pode ser um grande sacrifício para o caixa das micro e pequenas empresas.
Porém os resultados prometidos num investimento desse tipo são tentadores: redução de pelo menos 10% nos custos e aumento de 20% na produtividade.
A despesa mensal com a implantação de um programa de qualidade para um negócio com 30 funcionários gira em torno de R$ 800. Por esse valor, pago durante cerca de dez meses, a empresa aprenderá conceitos como organização, produtividade e trabalho em equipe.
A esse custo, soma-se o preço cobrado pelas empresas que emitem o certificado, as certificadoras. Esse valor pode variar entre R$ 4.000 e R$ 15 mil, para pequenas empresas, e pode chegar a R$ 150 mil, para as grandes, dependendo do número de auditores que farão a visita para avaliar a empresa.

Sem saída
"Mesmo considerando a realidade econômica, as pequenas empresas não têm outra saída. Ou investem ou morrem", diz Eurico Marchon, diretor da UBQ (União Brasileira da Qualidade).
Segundo a mais recente pesquisa da entidade, cerca de 70% das pequenas e médias empresas da região Sudeste do país não utilizam programas de qualidade.
Das que possuem um projeto nessa área, apenas 4% colocam todos os conceitos em prática, 6% praticam parcialmente o que aprendem e 10% pouco utilizam os conselhos dos consultores.
O restante dos entrevistados ainda está com os programas em fase de implantação.
"A maioria dos fracassos nessa área surge pela falta de estímulo dos próprios donos das empresas", explica Marchon.
Outra dificuldade encontrada pelas pequenas empresas que buscam programas de qualidade está nas fórmulas impostas por algumas consultorias.
É comum a esses empreendedores encontrar siglas como a dos 5 W's (as iniciais, em inglês, das perguntas: o que, por que, quem, onde e quando) e dos 2 H's (como e quanto vai custar).
Nessa lista, pode ser incluído a 5 S's -das iniciais, em japonês, dos termos: utilização, organização, limpeza, padronização e autodisciplina. Por fim, há também o ciclo PDCA (em inglês: planejar, fazer, checar e agir).




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