São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002


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FRANCHISING

Enquanto a franquia não "se paga", ideal é ter reservas de pelo menos 30% do total investido

Retorno do capital leva até cinco anos

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Eleonora Gomes, da Portobello, espera retorno em dois anos


LUCILA VIGNERON VILLAÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Abrir franquias, além de esforço, exige um bom investimento, que nem sempre retorna na velocidade almejada pelo empresário.
Por isso os franqueadores procuram estimar o tempo necessário para que o franqueado consiga recuperar o capital aplicado e passar efetivamente a ter lucros.
O cálculo leva em conta o capital inicial, taxas, impostos, custos fixos e o faturamento. Mas, mesmo com fórmulas matemáticas, não é exato, já que envolve variáveis -como a localização, a sazonalidade do negócio e os próprios salários dos funcionários, que podem diferir de região para região.
Não é de estranhar, portanto, que as redes estimem prazos que vão de poucos meses a anos. O tipo de negócio também é determinante: há franquias que só dão retorno após cinco anos, geralmente as de investimento inicial muito alto, como hotéis (veja comparação de retornos no quadro à dir. e dados sobre as redes abaixo).
Para pequenos investidores, os ganhos costumam chegar mais cedo, só que bem menores. Segundo o consultor Roberto Cintra Leite, 50, não existe mágica: "Se o investimento for baixo, o faturamento segue a mesma linha". Ou seja, é ilusão pensar em ficar rico partindo de um capital tímido.
Por isso é tão importante planejar bem a viabilidade do negócio. Também é preciso reunir um capital maior do que o necessário para começar a empresa. Para alguns consultores, uma reserva de 30% do investimento é uma boa garantia para os imprevistos que surgem até o retorno dos gastos.

"Timing" do negócio
Cintra Leite vai além e aconselha o investidor a ter uma economia de até duas vezes o valor a ser empregado, "já que os primeiros doze meses geralmente não proporcionam nenhuma retirada".
Uma boa estratégia é iniciar a nova atividade em sua época de alta. Chocolates, por exemplo, saem mais no inverno. Nesse caso, é conveniente abrir uma loja de doces até abril ou maio, para aproveitar o maior consumo no frio e fazer "caixa" para o verão.
Foi o que aconteceu com Johnnie Fernandes Baptista, 66, dono de um carrinho de amêndoas glaceadas da The Nutty Bavarian.
Quando abriu seu quiosque, no shopping Center Norte, em maio de 99, já teve bons resultados com o Dia das Mães, mas o frio daquele ano é que alavancou as vendas de vez. "Achei que fosse ficar rico, mas, com o calor, caí na real: o movimento diminuiu 50%", conta o empresário, que teve retorno do investimento em 12 meses.
Franqueada da Portobello Shop (revestimentos cerâmicos), Eleonora Ramos Gomes, 44, montou duas unidades da rede, no shopping D&D e nos Jardins, e prevê ainda mais dois anos para o retorno dos investimentos. "Os ganhos estão dentro das expectativas calculadas pelo franqueador. Portanto estamos tranquilos", diz.



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