São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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ECONOMIA
Projetos desenvolvidos por estudantes universitários custam a metade do preço de um similar no mercado
Consultoria júnior incrementa negócios

Greg Salibian / Folha Imagem
Pérola Lorenzetti, proprietária de um restaurante em Parati (RJ), utilizou a consultoria júnior da ECA (USP)




ADRIANA SOUZA SILVA
free-lance para a Folha

Empresários recebem uma consultoria a um custo reduzido, e alunos ganham uma oportunidade de praticar sua profissão.
Apostando nos resultados dessa troca, as empresas juniores, entidades formadas por universitários que prestam serviços em sua área de atuação, completam dez anos de atuação no Brasil.
"O aumento na procura pelos nossos projetos justifica essa comemoração", afirma Cristina Reis, 23, presidente da Fejesp (reúne as empresas juniores de São Paulo).
Segundo ela, o Brasil está entre os três países com a maior quantidade de entidades juniores no mundo -cerca de 350 empresas.
Em São Paulo, o número dessas instituições (80) dobrou nos últimos dois anos, alcançando um faturamento anual de R$ 1,4 milhão.
"O custo reduzido e a credibilidade da faculdade têm atraído micro e pequenos empresários", explica a estudante Daniela Shinzato, 20, diretora de marketing da empresa júnior da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em São Paulo.
Os projetos desenvolvidos por estudantes chegam a custar a metade do preço cobrado por profissionais do mercado.
Enquanto um programa de gestão empresarial sai, no mínimo, por R$ 10 mil, a FGV Júnior cobra R$ 4.000, por exemplo. Os trabalhos são orientados pelos professores do curso.
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Salário Pelo seu estatuto, a empresa júnior não tem fins lucrativos. Grande parte do dinheiro ganho com a venda dos serviços é reinvestida na própria instituição.
As funções administrativas (diretoria e presidência) não são remuneradas. Já os estudantes que desenvolvem os projetos ganham pelos programas realizados (paga-se R$ 5, em média, para cada hora de trabalho).
"A dedicação não se dá pelo salário, mas pela experiência que adquirimos. É comum ficarmos trabalhando durante a madrugada", conta Enzo Barnabé, 19, diretor da Agrológica, da faculdade de engenharia agrícola da Unicamp, em Campinas (99 km de São Paulo).
O reconhecimento desse esforço vem na resposta dos clientes.
Para Adriana Barros, 32, proprietária da Gráficos Artes, em São Paulo, "os estudantes se mostram mais interessados por um projeto porque tudo é novo para eles".
Em novembro do ano passado, ela encomendou uma pesquisa de mercado para sua empresa. "Atrasou um pouco, mas deu certo."
Já os irmãos Pérola Lorenzetti, 41, e Sérgio Luongo, 40, confessam ter suspeitado da responsabilidade dos jovens consultores.
"No início, tivemos receio de que eles não levassem a sério nossas necessidades", diz Luongo.
Ambos contrataram a júnior da ECA (USP) para a elaboração de um plano de marketing para a casa lotérica de Luongo e para o futuro restaurante de Pérola.
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Fejesp: (011) 818-4429.
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LEIA MAIS sobre consultorias na pág. 2


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