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HISTÓRIA PAULISTANA
Para empresários e consultores, sucessão deve ser bem-feita para não descaracterizar o negócio
Estabelecimentos passam de pai para filho
DA REPORTAGEM LOCAL
O cenário remete ao passado
glorioso da região central de São
Paulo. Ao lado da portaria de um
prédio antigo, um senhor de cabelos grisalhos mexe em algumas
canetas e atende animadamente a
diversificada clientela, que ele calcula em cem pessoas por dia.
O espaço é pequeno (cerca de 6
m2), mas Mamed Aoas, 69, nem
pensa em se mudar do prédio onde está instalado desde 1958, ao lado da Bovespa (Bolsa de Valores
do Estado de São Paulo).
Isso porque ele afirma que a história de seu negócio está intimamente ligada àquele lugar, onde
Aoas atua consertando e vendendo canetas e relógios há 43 anos.
"Não há segredo. Para um negócio dar certo, a pessoa tem de se
apaixonar pelo que faz", diz.
Com critério
Em um negócio duradouro como o de Mamed, um momento
crucial é a sucessão. A passagem,
que geralmente ocorre de pai para
filho, deve ser feita com critério.
"Os filhos não podem radicalizar para não descaracterizar o negócio", afirma João Abdalla Neto,
46, consultor de marketing do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Marie France Henry, 44, conta
que a transferência da administração do restaurante La Casserole de seu pai para ela foi feita com
cuidado. "Precisei mostrar serviço para que os clientes acreditassem em meu trabalho", afirma.
O pai de Marie, Roger Charles
Marcel Henry, 80, montou o negócio há 47 anos, no largo do
Arouche (zona central). Queria
trazer a cultura gastronômica
francesa para o Brasil. O cardápio
mantém pratos desde 1954, como
cordeiro ou pato com laranjas.
Segundo Marie, sua receita secreta para manter o negócio vivo
por tantos anos é "misturar um
pouco da tradição do lugar com
uma pitada de inovação".
Caligrafia
A sucessão bem-feita também é
apontada como o segredo da longevidade da Escola de Caligrafia
De Franco. "Talvez, se tivéssemos
delegado a responsabilidade pelo
ensino para um funcionário, a
qualidade não teria se mantido",
afirma Antônio De Franco Neto,
52, que administra a unidade de
Pinheiros (zona sudoeste).
Em 1915, seu avô, o professor
Antônio De Franco, desenvolveu
um método de ensino de caligrafia baseado nos ensinamentos de
sua mãe, Ida Nóbile De Franco,
uma imigrante italiana que havia
chegado ao Brasil em 1880.
Surgia a Escola de Caligrafia De
Franco, na rua General Osório
(região central). De lá para cá, foram abertas mais duas filiais, mas
a administração do negócio permaneceu com a família.
"Hoje, as turmas têm cerca de 10
alunos, mas, em 1945, chegaram a
ter 65", conta Antônio De Franco
Filho, 71, à frente da filial da Água
Branca (zona noroeste), que atribui esse recorde ao desemprego
causado pela Segunda Guerra
Mundial (1938 a 1945).
De Franco: 0/xx/11/3666-2226 e 0/xx/11/3815-0449; La Casserole: 0/xx/11/220-6283; Mamed: 0/ xx/11/3104-9669.
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