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Peronismo segue forte em país sem consensos

Na atualidade, o legado de Perón é reivindicado por várias correntes

A presidente Cristina Kirchner, patrocinadora de mostra com 83 fotos de ídolos, tampouco é unanimidade no país

Silvio Cioffi/Folhapress
Via de pedestres no bairro da Recoleta; ao fundo, a igreja de Nossa senhora do Pilar
Via de pedestres no bairro da Recoleta; ao fundo, a igreja de Nossa senhora do Pilar

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE “TURISMO”

Com 3,5 milhões de habitantes, Buenos Aires hospeda mostra de 83 fotos que, patrocinada pela presidente Cristina Kirchner, na Casa Rosada, traz luz sobre ídolos argentinos -entre eles, a personagem Mafalda, do cartunista Quino, e os futebolistas Maradona e Lionel Messi.

Como nem tudo é unanimidade, nem mesmo a mandatária, egressa do "peronismo kirchnerista", há quem diga que o escritor Jorge Luis Borges (1899-1986) não admirava Carlos Gardel (1890?-1935).

Para Borges, o intérprete do tango, que pode ter nascido em Tacuarembó, no Uruguai, emprestou enfoque indelevelmente melancólico ao ritmo nacional.

Num mundo de controvérsias, tampouco Borges agradou a todos. Apesar de ter legado importante obra literária e ensaística, morreu sem ter recebido o Prêmio Nobel.

Com fervor, Borges também disse que "achava difícil acreditar que Buenos Aires teve um começo". Mas teve: nos primórdios foi habitada pelos índios querendi que, antes disso, eram nômades.

Depois, em 1580, foi a vez do espanhol Juan de Garay estabelecer um forte. Antes dele, Pedro de Mendoza falhou ao tentar estabelecer um povoado, em 1536.

Os chamados portenhos, nascidos em Buenos Aires, herdaram o apelido do tempo em que a cidade, portuária, surgiu no bairro "La Boca". Ali, num riacho ligado ao rio da Prata, o Riachuelo, funcionou o porto, que reformulado em 1887, deu origem ao atual Puerto Madero.

Hoje a Boca é um decadente bairro folclórico e, ao lado dela, Puerto Madero, que passou por um processo de regeneração urbana, é um elegante reduto turístico.

Do passado "europeu", sobraram edifícios clássicos nos bairros de Palermo e da Recoleta, avenidas largas e inúmeros monumentos.

A independência da Espanha ocorreu em 9 de julho de 1816, mas a vitória da revolução que separaria a Argentina dos espanhóis é celebrada desde 25 de maio de 1810.

Quando a revolução fez cem anos, em 1910, países enviaram a Buenos Aires estátuas e marcos arquitetônicos. A Itália doou a estátua de Colombo; já o Reino Unido, desafeto na soberania sobre as ilhas Malvinas/Falklands, que remonta a 1833, deu a Buenos Aires a torre dos Ingleses, que, renomeada após o conflito de 1982, virou torre Monumental.

O apogeu econômico portenho aconteceu entre 1880 e 1920, quando o porto da capital exportava carne, couro, lã e trigo para a Europa.

PERONISMO EM PAUTA

Em 1943, uma conspiração militar derrubou o governo civil argentino. Nesse tempo, maquinada pela entrada dos EUA no conflito, em 1942, a Segunda Guerra assolava a Europa e o Japão. A Argentina, no entanto, permaneceu convenientemente "neutra" no conflito mundial.

Entre os militares que geriam o país, Juan Domingo Perón (1895-1974) ocupou a posição de secretário do Trabalho e da Segurança Social. Em 1945, quando a Segunda Guerra terminou, Perón logo se tornou vice-presidente e ministro da Defesa.

Destituído por um golpe civil e militar nesse ano, Perón foi preso. Aliada a líderes sindicalistas, Eva Duarte, a Evita (1919-1952), reuniu trabalhadores e, diante de uma multidão mobilizada, conseguiu a sua libertação.

Perón discursou para 300 mil pessoas e, dias depois, se casou com Evita. O resto é história, e história da Argentina, país em que, a despeito do passar dos anos e de crises político-econômicas, o peronismo, reivindicado por inúmeras correntes, permanece muito vivo -e, também, algo briguento.

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