São Paulo, Segunda-feira, 01 de Março de 1999
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BAÍA DE TODOS OS SANTOS
Em 2 de fevereiro, o mar de Salvador se veste de rosas e outras oferendas, embalado pelo carnaval
Fé, axé e cerveja eletrizam Dia de Iemanjá

Adriana Zehbrauskas
Pé de devoto de Iemanjá nas pedras da praia do Rio Vermelho


ADRIANA ZEHBRAUSKAS
enviada especial a Salvador

Iemanjá é a dona das águas, a rainha do mar, principalmente do mar da Bahia. Atende também pelos nomes de dona Janaína, Ynaê, Maria, Yá ou Princesa de Ayoká. Mãe de todos os orixás, reina absoluta entre os seus súditos, os pescadores, filhos do mar.
Veste-se de azul, gosta de flores e perfumes, tem temperamento bondoso e irrequieto, porém é carinhosa e maternal (é também a padroeira da fecundidade).
A festa do dia 2 de fevereiro no Rio Vermelho, em sua homenagem, é das mais importantes do calendário baiano.
Nesse dia, milhares de pessoas lotam a pequena praia para reverenciá-la, fazer pedidos, oferecer presentes e agradecer os milagres acontecidos.
Desde cedo, enormes filas se formam em frente à pequena igreja dos Pescadores, onde fica o presente principal, oferecido pela colônia dos pescadores.
Lá, junto ao enorme peixe de madeira que será oferecido, milhares de flores e frascos de perfume de alfazema são abençoados e colocados nos balaios que serão levados ao mar.
Nessa festa não há distinção de classe ou raça. São filhos-de-santo, devotos, turistas ou simples curiosos, quase todos de branco, quase todos com uma rosa nas mãos.
Quando se aproxima a hora da entrega do presente principal, já é quase impossível se movimentar em meio à multidão.
Muros, pedras e praia estão lotados e a festa já virou praticamente um carnaval, com tudo que essa festa implica: trio elétrico, muita cerveja, confusão e o sempre presente perigo de assalto. A essa altura, toda a atenção é pouca.

Festa no mar
O barco que leva o presente principal é seguido por dezenas de outras embarcações. A cerca de cinco quilômetros da praia, as oferendas são colocadas na água. Esse é o momento de maior expectativa.
Se Iemanjá desprezar as dádivas oferecidas, será um ano de tempestades, poucos peixes, fúria e fome.
Se aceitá-las, recolhendo-as das ondas, um ano de calmaria e boa pesca está assegurado.
Em terra, a alegria continua até tarde da noite. Afinal, é dia de festa no mar.


Adriana Zehbrauskas hospedou-se a convite do hotel Sofitel Salvador.


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