São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morros recortam praias boas para surfe, e passeio de barco chega perto de ilha com lobos-marinhos

Torres e pedras erguem a beleza da cidade

Chiaki Karen Tada/Folha Imagem
Menino brinca com uma bola na praia de Guarita; ao fundo, a pedra do mesmo nome, símbolo do município gaúcho


DA ENVIADA ESPECIAL AO RS

Percorrer a pé o que uma volta de balão permite vislumbrar do alto em Torres garante a visão de detalhes escondidos, como a capelinha de Nossa Senhora de Aparecida, os pescadores de tainha nos molhes e os jacarés no lago do parque da Guarita.
A cidade é a única do litoral do Rio Grande do Sul com acidentes geográficos. Da praia de Itapeva, no sul da cidade, em direção ao Chuí, a costa gaúcha é uma extensão plana de areias e lagos. Esse é o motivo de Torres ser considerada a praia mais bonita do Estado.
As formações geográficas que embelezam o município de 174,5 km2 e 27 mil habitantes são as três torres -a do Norte, ou morro do Farol, a do Meio, ou morro das Furnas, e a do Sul.
Entre elas ficam as praias indicadas para o surfe, outras para um banho de mar e outras apenas para olhar, mas todas são indicadas para uma caminhada. Onde a areia acaba começam casas e lojas, mas os prédios altos só podem ser erguidos na quarta quadra a partir da avenida Beira Mar, que margeia a praia.
O parque da Guarita, na praia de mesmo nome, foi criado em 1971 e seus jardins foram desenhados pelo paisagista Roberto Burle Marx com a ajuda do ecologista José Lutzemberger. Há um restaurante, um orquidário e o lago com jacarés.
É nesse local que fica o símbolo da cidade, a pedra da Guarita. Não é permitido subir nessa formação rochosa, mas se pode subir na torre do Sul ou na do Meio para ver a Guarita de ângulos diferentes, tendo como pano de fundo o mar e a cidade.
A mais importante torre é a do Meio, também chamada de morro das Furnas, com até 66 m de altitude. Trata-se de um tabuleiro alongado com falésias em cuja base quebram as ondas do mar, formando furnas e também pontos para pesca, aonde se chega por meio de escadas. No alto, existe a lagoa dos Suspiros, cuja lenda diz que foi formada com as lágrimas das mulheres que ficavam esperando os maridos voltarem.
A torre foi usada na minissérie "Quinto dos Infernos", da Rede Globo, na cena em que a personagem portuguesa de Danielle Winits observa as naus que partem para o Brasil, levando a família real portuguesa e o personagem vivido por Humberto Martins, par romântico da atriz na trama.
A torre do Norte, ou morro do Farol, é a única com acesso para carros. Fica perto da igreja São Domingos, de 1824, construída em estilo colonial barroco.
Também há passeios de barco, que partem do norte da cidade, onde o rio Mampituba deságua no mar. Os roteiros por água incluem a ilha dos Lobos, distante 1,8 km da costa. Menor reserva ecológica do país, trata-se de um conjunto de rochas baixas que recebe leões-marinhos e lobos-marinhos, e é proibido desembarcar ou pescar nela.

Pesca e festa
Na época das tainhas, os pescadores ficam nas pedras e nos molhes, nas duas margens do Mampituba, redes em punho, aguardando os cardumes que são empurrados para o local por botos. Isso facilita a alimentação dos mamíferos, ao mesmo tempo em que ajuda os pescadores, que lançam as redes e depois as puxam para ver se conseguiram pegar algo. Ao lado deles, há ainda quem pesque com linha e vara e também há surfistas pegando uma onda.
À noite, os pescadores, que durante o dia ficam acampados nas pedras, são substituídos pelo movimento dos restaurantes e bares da rua Cristóvão Colombo, ao longo do rio. Há danceterias e até um bar Dado Bier, mas este só funciona nos meses de mais movimento, na alta temporada.
Nessa rua fica também o restaurante Beira Rio (tel. 0/xx/51/664-3091), que serve um rodízio de frutos do mar, com camarão ao bafo, peixe à milanesa, arroz e pirão, entre outras iguarias.
Do outro lado do Mampituba está a cidade de Passo de Torres, já no Estado de Santa Catarina. Para ir e vir entre as cidades, os moradores usam uma ponte pênsil (1985). Conta-se que, no dia de sua inauguração, um dos cabos partiu e quem estava nela tomou um banho forçado.
Em Torres fica ainda o ateliê de Arthur Guarisse (tel. 0/xx/51/664-4537), que desenha abajures, fontes e relógios adornados com detalhes clássicos.
(CHIAKI KAREN TADA)



Texto Anterior: Sites
Próximo Texto: Crise argentina afetou região
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.