São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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VIZINHO EM PROMOÇÃO

Clima político esquenta inverno de Buenos Aires, onde um jantar com vinho e sobremesa custa US$ 8

Capital da Argentina está uma pechincha

Silvio Cioffi/Folha Imagem
Mural das Galerias Pacífico, onde estão as lojas de moda de grife


SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

O clima político, como se vê nas primeiras páginas dos jornais e na TV, anda quente. Na contramão, os termômetros amanhecem marcando zero grau na capital portenha. Depois o Sol -aliás o mesmo que aparece no centro da bandeira argentina- brilha mais forte e, ao longo do dia, as temperaturas se tornam amenas. Especialmente para os turistas.
A despeito da crise, que o viajante praticamente não vê, e também por causa dela, os preços despencaram e, novamente, vale a pena passear -e comprar- em Buenos Aires.
Nessa cidade que o arquiteto contemporâneo César Pelli, autor do projeto arrojado das torres gêmeas Petronas, em Kuala Lumpur (Malásia), diz ser dona de "uma textura urbana muito linda", onde "dá gosto caminhar pelas ruas", é possível almoçar tomando vinho, comendo carne e saboreando um "almendrado" (torta gelada com amêndoas) por US$ 8 ou US$ 10, incluindo o expresso. Um táxi percorre uma dezena de quadras por US$ 1, e um mocassim de couro custa entre US$ 30 e US$ 40.
O fim da paridade do peso em relação ao dólar (e a adoção da política que os argentinos chamam de "pesificação" da economia) transformou a Argentina num inferno para quem tinha depósitos em dólar -mas reduziu preços em três ou quatro vezes para os turistas.
Assim, ainda que o dólar tenha atravessado a última semana com uma tendência de alta frente ao real, Buenos Aires, uma metrópole cosmopolita de 3 milhões de habitantes, servida por dezenas de vôos semanais (de duas horas e meia a partir de São Paulo ou do Rio), está barata, muito barata. Mesmo que se faça as contas com um dólar valendo três reais.

Cuidados especiais
As coisas estão confusas? Você deve ter visto no noticiário manifestantes irados em Buenos Aires. Sim, é verdade, mas também é improvável que você seja vítima desses eventos.
Reina um clima de normalidade, embora haja filas diante de repartições e de casas de câmbio no entorno do distrito financeiro.
O câmbio, que no início da semana passada estava em torno de 3,30 pesos ("tres con trinta", como eles dizem), fechou na sexta em torno de 3,90 pesos/dólar.
Mas, mesmo antes disso, a loja (cara) da Christian Dior nas Galerías Pacífico, um dos shoppings mais chiques da capital, que tem entrada na Calle Florida, já tinha na vitrine o anúncio de dólar a 4 pesos. Lá, um paletó de tweed custava 299 pesos, o que quer dizer menos de US$ 80.
Os shoppings mais elegantes, como as Galerías Pacífico, o Alto Palermo e o Pátio Bullrich, estão cheios de gente comprando. "Quem compra são os turistas, sobretudo os chilenos, mas os brasileiros estão chegando", diz um comerciante.
Mas muita calma neste momento. Tente pagar suas despesas em dólar, limitando suas trocas, pois o peso tende a perder valor nesses dias de crise. Se pagar com cartão de crédito, certifique-se de que não há sobrepreço.
E, principalmente, não caia no conto do $: os preços, que pela lei argentina devem estar à vista do consumidor, não são mais cotados em dólar -e sim em pesos (o que significa algo em torno de quatro vezes menos).

Silvio Cioffi viajou a convite do Hotel Inter-Continental Buenos Aires e da TAM


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