São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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Valle Nevado pratica horários rígidos

Sotaques diversos mostram que, com o real forte, brasileiros são onipresentes nas pistas chilenas de esqui

Escolha o destino nival em função do seu perfil; Termas de Chillán é mais frequentada por grupos e por famílias

DO ENVIADO AO CHILE

Bem perto de Santiago, a cerca de uma hora de carro montanha acima, está o Valle Nevado. No alto da montanha, três hotéis com preços variados formam um complexo turístico encravado na beirada de uma das melhores pistas de esqui do Chile.
Quem anda pela área comum dos hotéis escuta os mais diversos sotaques: mineiro, goiano, cearense, baiano, gaúcho, carioca... Dá a impressão de que está nevando no Brasil, tamanha é a quantidade dessa nacionalidade.
Diferentemente de Chillán, que é predominantemente ocupada por famílias, Valle Nevado tem público mais jovem, que gosta de "gente bonita em clima de paquera".
A estrutura dos três hotéis faz o complexo parecer um cruzeiro em alto mar, impondo regras para o uso de serviços básicos.
Os restaurantes trabalham só com reservas, que são feitas apenas até as 18h. O hóspede que, por algum motivo, se esquecer de reservar uma mesa para o jantar simplesmente não come, pois não há serviço de quarto nem lanchonete aberta após as 20h.
Na recepção do hotel Puerta del Sol, uma cena insólita: um casal que se atrasou e perdeu a reserva num dos restaurantes pede um sanduíche na recepção. Com pena, um carregador de malas se compadece, vai até a área restrita aos funcionários, busca na mochila um iogurte de morango e entrega o pote ao casal faminto.
Nos três restaurantes do complexo -um francês, um italiano e um self-service-, o viajante se sente no bairro paulistano do Itaim Bibi. No que seria o mais sofisticado, o francês La Forchette, o garçom não serviu a entrada e o filé mignon veio duro.
Durante a tarde, as pistas de esqui lotam, pois, além dos hóspedes, centenas de chilenos vêm de Santiago para passar o dia praticando o esporte. Nas pistas para principiantes, trombadas são inevitáveis.

CLIMA BRASILEIRO
Nessa hora, pelo menos, o enorme contingente brasileiro hospedado na montanha se dilui entre os chilenos que passam a tarde na estação (e o português deixa de ser o idioma único na montanha).
Com tanta gente por ali, é difícil manter a qualidade do serviço. Nos hotéis, os funcionários se esforçam em sorrir amarelo para os brasileiros muito festeiros.
Com a valorização do real frente ao dólar, fica clara uma certa "americanização" dos brasileiros, que cada vez mais passam a ser vistos como viajantes arrogantes de carteira recheada. (JOÃO WAINER)



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