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TURISTA NOEL
Tour acontece durante a semana; loja vende vários tipos de utilitário
Fumaça sinaliza fornalha de porcelana em Monte Sião
MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A MONTE SIÃO (MG)
Do alto da chaminé, a fumaça
sinaliza: a fábrica de porcelana
branca decorada com flores azuis
de Monte Sião está próxima, e o
forno, em plena atividade.
Seguindo a fumaça, avista-se
uma casa branca com batentes
pintados, claro, de azul. O portão
está aberto, e vê-se, ao fundo, um
forno a lenha a todo vapor da tradicional Porcelana Monte Sião.
Escancarado durante a semana,
o turista não precisa se acanhar e
só dar aquela espiada pelo portão
da rua. A fábrica fica aberta para o
visitante conferir como são produzidas as inconfundíveis peças
de porcelana azul e branca feitas à
mão e distribuídas em todo o país.
Mais de 1.500 itens, entre canecas (R$ 5), xícaras e pires de chá
(R$ 9) e de café (R$ 6), potinhos
de condimentos (R$ 5), jarras (R$
9), galheteiros (R$ 22), filtro de
água (R$ 53) e até mesmo penicos
(R$ 13), são produzidos diariamente na fábrica, onde engenhocas modernas passam longe.
Após atravessar os portões, os
olhos se fixam no forno. Num
ambiente silencioso, percebe-se
que os cerca de 60 funcionários
circulam pela fábrica com tranqüilidade. É possível acompanhar
o passo-a-passo da produção toda feita à mão -da massa de argila, quartzo e caulim, batida num
tanque por 60 horas, até a queima
das peças no forno a lenha.
O visitante que faz o tour vê funcionários tirando as rebarbas de
um filtro, modelando um vaso, fazendo malabarismo com as canecas enquanto as esfrega com uma
esponja, esmaltando as louças ou
conferindo se a peça está no ponto para ser desenformada.
Não há como negar que uma
das melhores partes é observar
quem passa o dia pintando pétala
por pétala. "Tem vezes que dá para sonhar com elas", diz Paulo
Rogério Guerra, 26. Com nove
flores em cada vaso, cada uma
com nove pétalas, dá para entender o comentário de Guerra depois de pintar com tinta azul mais
de cem vasos num único dia.
O dono da fábrica e guia da visita, Antônio Daldosso, 75, explica
que o branco e o azul da porcelana
de Monte Sião surgiram graças a
um português que levou uma jarra com flores azuis e pediu a ele
que fizesse uma cópia dela. Desde
então, essa se tornou a marca da
porcelana de Monte Sião, e, segundo Toninho, "esse azul só dá
em forno a lenha".
O forno, aliás, é outra estrela fabril. Nem sempre ele estará ativo,
porque, com capacidade para 15
mil itens, são necessários dez dias
para enchê-lo. A queima é feita a
uma temperatura que atinge
1.300C e dura cerca de 40 horas.
Para esvaziar o forno, levam-se de
três a quatro dias.
A visita acaba irresistivelmente
na loja, essa sim aberta também
aos fins de semana. Assim, da
próxima vez que um amigo bater
os olhos numa jarra azul e branca
exposta na sua casa e perguntar:
"Foi para Monte Sião, é?", você
não só poderá confirmar a viagem
mas também contar minúcias do
que se passa nessa fantástica fábrica das porcelanas.
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