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59 KM DE SP
Feita de serragem, peça reveste chão para receber santo padroeiro
Tapete orna ruas de São Roque no dia 16 deste mês
MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A SÃO ROQUE (SP)
Em duas semanas, tapetes coloridos com desenhos multiformes
ornarão as ruas de São Roque, à
espera da passagem da procissão
em homenagem ao santo padroeiro da cidade. Tradição originária de países católicos da Europa, é comum ver esse tipo de trabalho feito de serragem tingida na
comemoração do Corpus Christi.
Mas nesta cidade paulista a 59 km
da capital, a peça de 2.000 metros
vem à cena "fora de época", sempre no dia 16 de agosto, que neste
ano cai numa segunda-feira.
Tomam-se dez dias de labuta de
dez voluntários para dar cor a 800
sacos de serragem, totalizando 16
mil quilos do material. Em 16 de
agosto, são necessárias cinco horas de trabalho e a ajuda de 500
pessoas para fazer das vias de São
Roque um tapete colorido. E apenas uma hora para que os cerca de
200 devotos que carregam o andor -tablado de madeira com o
santo- cumpram o circuito, cujo
ponto de saída e de chegada é a
igreja matriz, no centro da cidade,
pisando sobre o ornamento.
"Você se sente realizado quando vê o tapete destruído", conta
José Carlos Dias Bastos, 71, conhecido por Zé do Nino, um dos
criadores do tapete, que é uma
tradição são-roquense há 29 anos.
Fiéis ou simples apreciadores de
festas tradicionais, o evento reúne
cerca de 80 mil pessoas no município de 70 mil habitantes.
Vale chegar cedo. Às 7h da manhã, é hora de acompanhar a confecção dos tapetes. Quinze moldes em madeira prontos para receber a serragem dão o contorno
da criação previamente concebida sob a forma de flores, figuras
geométricas ou bandeirinhas de
Volpi. Uma surpresa a cada ano.
De joelhos, as crianças, aprendizes, são o grupo que mais se diverte na expectativa de deixar o tapete pronto. Mesmo durante a montagem, moradores e visitantes vão
ladeando as peças, que até o
meio-dia devem estar tinindo, e
tecendo comentários sobre a mais
bela. Neste ano, haverá músicos
nas principais esquinas por onde
se esticam os tapetes.
Às 17h, silêncio para a saída da
procissão da igreja. A imagem de
são Roque é carregada sobre o andor enfeitado de flores amarelas.
"Parece que o santo flutua", comenta Bastos. Uma hora depois,
com todos os sinos tocando, devotos louvam o santo padroeiro,
que volta à igreja, e recebem a
bênção do bispo na presença dos
festeiros e párocos da região.
A Festa de Agosto, como é conhecida na cidade, não se restringe ao dia 16 de agosto. Desde o sábado passado, está montada uma
quermesse ao redor da praça
principal, com barracas de pastel,
churrasco, pizza e quentão.
Neste domingo, Dia dos Pais,
para resgatar as "coisas boas do
passado", como diz o festeiro Roberto Godinho, 52, uma das quatro pessoas que a cada ano têm a
missão de dar os rumos às festividades, quem visitar a cidade poderá ver são-roquenses proseando na rua com as cadeiras postas
para fora da casa, bem ao estilo interiorano de antanho.
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