São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corfu inspirou textos de escritores e teve sua lista VIP

Assunto de livros e cartas, ilha dispunha de "Livro de Ouro" para listar famílias nobres, as únicas com permissão para passear em sua área mais sofisticada

DO ENVIADO ESPECIAL

Romanos, bizantinos, godos, normandos, angevinos, venezianos, franceses e ingleses dominaram Corfu. Os ingleses controlaram a ilha por 50 anos, de 1814 até a unificação grega.
Sete décadas depois da saída dos seus compatriotas, o escritor Lawrence Durrell (1912-1990) foi morar lá, aos 23 anos. A ilha rendeu "Prospero's Cell" (Marlowe & Company), apenas sobre Corfu, e um capítulo de "Travel Reader" (PUB Group West, R$ 39,45), guia sobre várias cidades turísticas.
Em 1937 Durrell relata, sobre o local, que "a arquitetura é veneziana; as casas acima do velho porto são construídas elegantemente, em finas camadas com estreitas alamedas e colunas passando entre elas; vermelho, amarelo, rosa e âmbar -uma confusão de tons pastéis que a lua transforma em uma cidade branca ofuscante".
O escritor viveu na vila de Kálami, a 30 km do centro. Alucinado, teve um acesso de Pablo Neruda e escreveu que Kálami, "de frente para o sopé das colinas da Albânia", tem "o charme da reclusão" e uma água que "corre como uma piscina, de um verde violentamente leitoso quando o vento norte a coalha". A vila permanece lá.
Em "Minha Família e Outros Animais", seu irmão Gerald também fala de Corfu -narra a infância na ilha, no caso.
Menos comovido, Henry Miller, que visitou Lawrence, constatou: "Nunca cheguei a gostar da cidade de Corfu. Tem uma atmosfera inconstante que, à noitinha, transforma-se numa espécie de demência. Você fica a maior parte do tempo bebendo algo que não quer beber, ou, então, andando sem rumo. É um típico local de exílio".
Os dois, amigos, trocaram inúmeras cartas, relação epistolar registrada em "Durrel/ Miller Letters -1935-1980" (Faber & Faber, R$ 44,86).

Lista VIP
Entre as heranças francesas o destaque é arquitetônico: no centro, o Liston é uma esplanada de dois séculos com cafés de estilo parisiense em frente a um campo de críquete. O nome vem do costume veneziano de listar famílias nobres no "Livro de Ouro", tipo de lista VIP da época, a partir da qual as pessoas podiam passear ali ou não.
Ao lado de Liston ficam ruas comerciais e uma das igrejas mais importantes, Ágios Spyrídon. Mais distante, o palácio Achílleion, construído entre 1890 e 1891, pertenceu à imperatriz Sissi e foi cenário de "007 Somente para Seus Olhos".
Para ir às praias, alugue um carro. Custa 45 (R$ 106). É a melhor opção: há placas em inglês, as estradas são boas e a paisagem é repleta de oliveiras.
Palaiokastrítsa é melhor panoramicamente (três enseadas com diversos tons de azul e verde, muitas rochas e vegetação) que de perto (faixa não de areia, mas de pedras).
Mais empolgantes são Vátos ou Myrtiótissa. Esta foi tida por Durrell como "talvez uma das praias mais belas do mundo". É uma breve faixa de areia protegida por uma montanha e em parte nudista. Interessante. Mas uma das mais belas do mundo? Tudo bem: Durrel não era cearense, era inglês. (TM)


Texto Anterior: Balança, mas não cai: Míkonos é vitrine do turismo do verão grego
Próximo Texto: Balança, mas não cai: Pouco atraente, Livorno leva à beleza de Florença
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.