CRISTIANE DUARTE
ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ

Figurando entre os carnavais fora de época mais tradicionais do país, o Fortal, que acontece há 11 anos em Fortaleza, terá algumas mudanças neste ano. Para incentivar artistas e a cultura local, duas das quatro noites da festa (de 25 a 28 de julho) serão temáticas.
Na quinta-feira (25), a abertura do Fortal 2002 será feita por uma "jangada elétrica", celebrando a Noite do Jangadeiro. Já no sábado (27), agremiações de maracatu, incluindo o campeão deste ano, vão agitar a Noite do Maracatu.
Sete blocos estão confirmados até agora e, entre as atrações principais, apresentam-se Chiclete com Banana, Ivete Sangalo, Asa de Águia, Ricardo Chaves, Pimenta n'Ativa e Cheiro de Amor.
Cada um tem quatro horas para atravessar os 4,2 km da av. Beira Mar. Em média, cada bloco reúne 2.500 foliões "associados", mais o público da pipoca (que não pagou pelo abadá e fica do lado de fora do cordão de segurança).
Segundo a Secretaria Estadual de Turismo, o Fortal é mais importante para o calendário da cidade do que o próprio Carnaval.
Enquanto a festa do mês de julho reúne cerca de 400 mil pessoas por dia, de acordo com cálculos feitos pela Polícia Militar, a de fevereiro consegue juntar entre 20 mil e 30 mil foliões diariamente.
No Carnaval de Fortaleza, são investidos singelos R$ 150 mil pela prefeitura, enquanto que, no Fortal, uma festa privada, são injetados R$ 5 milhões, incluindo cotas de patrocínio.
Não só os números refletem as diferenças entre a micareta e a festa tradicional. O Carnaval da cidade conta somente com blocos, cordões e maracatus embalados por artistas locais.
Foliões ávidos por festas movidas a trio elétrico e cantores famosos costumam migrar para o interior e para balneários próximos, como Aracati, no nordeste do Estado. A somente 12 km de Canoa Quebrada, a cidade recebeu mais de 300 mil foliões no ano passado.

Artistas baianos
Uma das fortes razões do sucesso de carnavais fora de época em cidades nordestinas (exceto Salvador) é o fato de que todos contam com artistas baianos comandando os principais blocos.
Em Fortaleza não é diferente. Nana Banana, Cocobambú e Cerveja & Cia são franquias espalhadas pelo país e pertencem a Chiclete com Banana, Asa de Águia e Ivete Sangalo, respectivamente.
Blocos tradicionais, como o Siriguella, veterano do Fortal, costumam contratar atrações diferentes a cada ano. Como já têm foliões cativos, podem investir em novos e velhos talentos, de acordo com a moda da época. Neste ano, o bloco traz Chiclete com Banana e seu T-Rex, um dos mais potentes trios elétricos do país, que custou cerca de US$ 700 mil.
As compras antecipadas de abadás, camarotes e as novas mesas de pista garantem um preço melhor.