São Paulo, segunda-feira, 03 de junho de 2002

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Apesar de o setor ter levado melhorias ao Estado, muitos jangadeiros ainda vivem em condições precárias

Pescadores não vêem progresso do turismo

Cristiane Duarte/Folha Imagem
Jangadeiros ao cair da tarde na praia de Mucuripe, em Fortaleza; muitos desses profissionais não têm equipamentos de segurança


DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ

Modelos dos cartões-postais do Ceará, os jangadeiros fazem parte da paisagem local, mas a aura romântica dada a eles não corresponde à realidade em que vivem.
As melhorias feitas em Fortaleza, por exemplo, contribuíram para o crescimento do turismo, mas há pescadores que ainda vivem em condições precárias. É o caso de alguns trabalhadores da praia de Mucuripe, cujas velas ficaram famosas em uma canção de Fagner e Belchior batizada com o nome da praia.
Mais de cem pescadores atuam diariamente em Mucuripe, que abriga um mercado de peixes frescos próximo a restaurantes. Os mais velhos, principalmente, não têm equipamentos de segurança mínima, como GPS (sistema de posicionamento global), em suas embarcações e, como dizem, podem "voltar ou não do mar", dependendo da sorte.
Eles costumam sair às 6h e voltam no início da tarde, quando a pesca é de um dia. Muitos preferem a pesca de dormida, principalmente desde que a lagosta foi liberada, no começo de maio. Cinco pescadores saem na mesma jangada e ficam no mar de quatro a sete dias. Eles usam uma escala para medir o tamanho das lagostas capturadas nas redes e soltam as menores de 13 cm.
A venda do pescado é feita para atravessadores a preços bem mais módicos que os pagos pelos turistas nos restaurantes de Fortaleza.
Embora tenha aprendido o ofício com seus pais e avós, a nova geração de pescadores de Mucuripe está mais consciente de que é preciso melhorar as condições de trabalho.
Francisco José da Silva, 29, jangadeiro há 19 anos, é dono de uma jangada e de um barco maior. Tem uma renda mensal média de R$ 1.000 "em época de pesca boa" e pretende aumentá-la quando comprar uma lancha, que, segundo ele, pesca 600 kg de lagosta em uma semana. "Ninguém mais quer ficar em jangada a vida toda. Um barco dá conforto, segurança." (CRISTIANE DUARTE)


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