|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Passeio sob árvores desestressa
DO ENVIADO ESPECIAL
O passeio de voadeira (pequena
lancha) pelo furo do Miguelão,
um atalho entre os rios Paracauary e do Saco, é daqueles para
relaxar o mais estressado dos turistas. A saída pode ser do trapiche do hotel Paracauary Eco Resort (www.paracauary.com.br).
Na paisagem, o verde característico da região mescla vegetação
de mangue e de floresta. Nas margens do rio, é possível ver o Mundo das Caruanas, sítio da pajé Zeneida Lima, e o prédio da Embrapa, que pesquisa as raças de cavalo de Marajó.
O sinuoso rio Paracauary, que
separa as cidades de Soure e Salvaterra, tem cerca de 300 metros
no seu trecho mais largo. Sua profundidade chega a 24 metros no
trecho em que as balsas transitam
entre os dois pontos.
Nos três quilômetros que se seguem até a entrada do furo -caminho artificial construído na
primeira metade do século passado para encurtar a navegação entre Soure e as fazendas da região-, a diversidade amazônica
comparece nos tipos de árvores:
andiroba, açaizeiro, siriúba, jacitara, marajá e coqueiro.
As copas da árvores formam
um túnel verde no trajeto do furo,
com raízes penduradas, lembrando cipós, e as indefectíveis raízes
aéreas do mangue.
Depois de um trecho estreito, o
furo se alarga. São dez minutos de
passeio. Ao lado da voadeira, pululam sobre a água os peculiares
peixes tralhotos. Os nativos contam que os garotos marajoaras
pegam o tralhoto ainda pequeno
e batem com ele no pênis.
"Conta a crendice popular que o
órgão sexual ficará do tamanho
do tralhoto adulto", diz o proprietário da fazenda Camburupi, Alacid Nunes Filho, 38.
Com cerca de 1 km, o furo dá
uma volta e sai no rio do Saco. Na
saída, avista-se a fazenda Nossa
Senhora do Carmo, propriedade
da avó de Alacid.
"Meu cordão umbilical está enterrado na porteira", diz ele. "A
tradição diz que isso dá sorte à fazenda e à criança."
Em certos trechos do rio, a água
é um verdadeiro espelho que reflete a luz do sol. Mais à frente, está a Ponta da Guia, que divide o
Paracauary do rio do Saco.
"Diz a lenda que aqui mora a
Cobra-Grande", diz Alacid.
"Quando passa alguma embarcação fazendo algazarra e depredando, ela afunda."
(AP)
Texto Anterior: Quê Marajoara: Magia de Marajó cativa até águas Próximo Texto: Pacotes Índice
|