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Tocar gado e ordenhar búfala são atividades que o visitante pode experimentar em Sanjo, a 35 km de Soure
Fazenda ajuda a estreitar laços com animais
DO ENVIADO ESPECIAL AO PARÁ
O tamanho e a cara do bicho assustam, mas alguns búfalos são
treinados para interagir com os
turistas. Estreitar a relação não só
com os búfalos, mas também com
os cavalos marajoaras, é uma
questão de horas.
Na fazenda Sanjo, a cerca de 35
km do centro de Soure, o turista
integra-se ao cotidiano do local e
pode participar de atividades típicas do vaqueiro marajoara.
O visitante pode experimentar a
sensação de montar em um cavalo marajoara para tocar os imensos búfalos de dentro de um campo alagado até o curral. As atividades são acompanhadas por vaqueiros e, às vezes, pela proprietária Ana Tereza
Acatauassú Nunes.
Ordenhar a búfala é outra tarefa
do peão que pode ser incorporada. Depois da lida, o prêmio é beber o leite ainda fresco.
A fazenda conta com 300 cabeças de búfalo, e a montaria no animal é obrigatória para quem vem
à ilha de Marajó.
Na queijaria da fazenda, é possível acompanhar o processo de fabricação artesanal do queijo de
búfala e comer o produto saído da
panela, ainda quentinho.
Os búfalos desembarcaram na
ilha no final do século 19, vindos,
os primeiros, do sul da Itália. Depois, chegaram da antiga Indochina (atuais Laos, Camboja e Vietnã) e se adaptaram bem às áreas
alagadas do município de Soure.
Conta a história que eles sobreviveram ao naufrágio de um navio
que ia para a Guiana Francesa.
Entre as outras atividades disponíveis estão pesca de piranha,
com anzol ou tarrafa (rede), trilhas ecológicas para observação
da fauna e da flora, passeio de canoa-vara (empurrada com uma
vara pelo barqueiro) no campo
alagado e focagem de jacaré à noite. Na fazenda, de dia, é possível,
por exemplo, ver uma fêmea jacaré exercitando seu instinto maternal ao cuidar do ninho.
Para recuperar a energia, a cozinha da fazenda oferece a típica comida marajoara, como frito do
vaqueiro, filé de búfalo com queijo de búfala e carne-de-sol de búfalo.
O local das refeições é a varanda
do primeiro andar da casa, uma
área com vista para a imensidão
verde da ilha e redes que convidam para um merecido descanso.
A casa de fazenda (www.sanjo.tur.br) tem seis quartos, dos quais
dois são suítes. Cada um deles
tem capacidade para até quatro
hóspedes.
Cemitério indígena
A fazenda tem uma réplica de
cemitério indígena, recriado pela
proprietária, a partir de pesquisas. Para chegar ao local, é preciso
ir a cavalo, atravessar um lago e
adentrar na mata. De lá, o turista
segue uma trilha entre plantas nativas como o arumã, que dá uma
flor branca e serve de alimento
para o gado, e o mata-pasto, com
suas flores amarelas.
No caminho, avistam-se também guaribas, mais conhecidos
como macacos-da-noite, pretos
com cauda castanha.
O cemitério serve para ensinar
aos turistas como eram enterrados os mortos das civilizações indígenas de Marajó de até 3.000
anos atrás, que foram dizimadas
com a chegada dos colonizadores.
"Eles enterravam os ossos em
um teso [monte de terra] e colocavam os pertences e a carne cremada do morto dentro de uma
urna funerária", explica Ana Tereza.
No cemitério da fazenda, há diversas réplicas da sofisticada cerâmica marajoara em cima do teso.
Há ainda placas que informam os
nomes das principais tribos e o
período em que cada uma delas
habitou a região.
Dentro da casa da fazenda, há o
pequeno Museu Arqueológico e
Histórico Familiar, montado por
Ana Tereza, que reúne objetos antigos que pertenciam aos seus bisavós, como ferro a carvão, surrão
(recipiente usado pelo vaqueiro
para levar sua comida) e balas para caçar búfalos, fotos antigas, reportagens sobre Marajó de até
cem anos atrás, machados indígenas e, claro, objetos de cerâmica
marajoara, como vasos, e tangas
femininas.
(AUGUSTO PINHEIRO)
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