RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
enviada especial a Curitiba

O presidente nacional da Abav, Goiaci Alves Guimarães, abriu o 27º Congresso Brasileiro de Agências de Viagens, na quarta-feira passada, em Curitiba (PR), em tom de crítica ao governo. Guimarães, cujo discurso foi um tipo de desafio ao ministro do Esporte e Turismo, Rafael Grecca, presente no evento, disse achar uma excrescência o fato de o governo ter uma agência de turismo, "que recebeu US$ 2 milhões de fiança do Banco do Brasil, enquanto as empresas aéreas privadas passam por sérias dificuldades".
"Se o governo não nos ajuda, por favor, parem os senhores de dar condições especiais à BBTur." Para ele, "muita coisa precisa ser mudada na área". Ele citou as taxas de embarque como exemplo.
"Do dinheiro arrecadado, metade vai para a Embratur e metade, para o governo. E os agentes de viagem jamais ganham nada. Ou o governo entende que temos que ser remunerados ou a demanda de passageiros sem taxas previamente pagas poderá provocar um caos nos aeroportos brasileiros", disse, quase como uma ameaça.
Guimarães foi aplaudido de pé. O ministro, em seu discurso, se limitou a agradecer as críticas, que considerou construtivas.
O presidente da Abav propôs que agentes de viagem e companhias aéreas passassem a se ver como "aliados". Aparentemente, ele mudava o discurso feito na última edição da feira, no ano passado, em Recife, quando ameaçou os empresários que praticavam uma espécie de guerra de tarifas.
Porém, em posterior coletiva à imprensa, ele disse "que a crise das empresas aéreas não se deve só ao aumento do dólar, mas à incompetência de muitas delas".
Para Guimarães, a "suposta crise" não atingiu as agências, que estariam ganhando mais dentro do pouco volume de vendas. Segundo ele, 98 foi pior que 99 para o setor. No ano passado, o movimento cresceu 43%, mas o faturamento caiu 1,8% em relação a 97.