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QUALQUER VIAGEM
Veja como entrar no Sexy Mile-High Club!
DAVID DREW ZINGG
em Sampa
"O mais legal de transar num avião é
que você pode fazer bem ali, em seu
próprio assento." Comissária de
bordo da Air France
Todo mundo anda fazendo. Fazendo o quê? Entrando para o
erótico Mile-High Club (clube
uma milha de altitude -uma
milha são 1.609 metros).
Madonna ganhou seu "diploma
de aviadora" tendo Sean Penn como vigoroso co-piloto.
Julia Roberts virou sócia do clube eroticamente chique no banheiro do hoje extinto vôo MGM
Grand Air, de El Lay (vulgo Los
Angeles) à Grande Maçã.
Dois anos atrás, o comandante
de um avião da South African
Airways ameaçou desviar o aparelho de sua rota prevista, devido
à cada vez mais intensa orgia que
alguns passageiros estavam curtindo a bordo.
O fato é que as viagens aéreas
exercem algum efeito misteriosamente irresistível sobre casais que
só querem saber de ficar mais e
mais juntos.
Bem-vindo ao Mile-High Club!
As relações que se concretizam
no quadro do Mile-High Club costumam acontecer tarde da noite,
principalmente em percursos de
longa duração, como o vôo de São
Paulo a Nova York, por exemplo.
Esses encontros de alta voltagem ocorrem quando as luzes do
avião estão quase todas apagadas
e o número de passageiros é pequeno, reduzindo a ameaça de o
casal ser flagrado no ato.
Passageiros abertamente corajosos -ou lamentavelmente mal
vestidos- buscam entrar para o
clube no conforto de seus assentos,
protegidos sob cobertores e travesseiros e movidos por doses monumentais de ousadia.
(Boatos sobre supostas "rapidinhas" de dois minutos dadas nas
cozinhas de aviões são comuns na
indústria da aviação comercial,
mas o Velho Viajante Dave nunca flagrou um episódio desse tipo
em todos os seus 55 anos de vôos
em alta altitude.)
Que história é essa?
De todos os tipos de distúrbios
enfrentados pelas companhias aéreas em seus vôos comerciais, o sexo no ar é o problema que vem
aumentando mais.
Segundo o "The Wall Street
Journal", "o número cada vez
maior de delitos de natureza sexual cometidos por passageiros
durante vôos comerciais constitui
uma tendência preocupante. A
Singapore Airlines afirmou que
um terço dos casos de "comportamento desregrado" que requerem
a intervenção de tripulantes de
seus aviões envolvem má conduta
sexual".
Por que acontece toda essa atividade sexual aérea?
Tudo começou com o surgimento do Mile-High Club.
Você sabe que existe na cabine
do piloto de cada avião um aparelho chamado "piloto automático", não sabe, Joãozinho?
Trata-se de um artefato controlado por giroscópio e capaz de pilotar o avião sozinho, no modo
"olhe aqui, mamãe! Sem mãos!".
Foi inventado anos atrás, na época da Primeira Guerra Mundial,
por um gênio chamado Lawrence
Sperry.
Sperry era piloto de acrobacias
aéreas e dava aulas de pilotagem
a senhoras ricas.
O primeiro vôo do Mile-High
Club aconteceu em novembro de
1916. Sperry estava dando aula a
uma socialite milionária chamada Waldo Polk.
Um belo dia Sperry e Polk estavam sobrevoando o estreito de
Long Island, no Estado de Nova
York, num hidroavião, e, ao mesmo tempo, desfrutando os prazeres da carne, nus.
O encontro foi possível graças à
utilização do piloto automático,
que acabara de ser inventado por
Sperry. Mas alguma coisa deu errado, e o avião mergulhou 150
metros, indo cair na Grande Baía
Sul. O casal despido foi resgatado
por dois boquiabertos caçadores
de marrecos.
Com seu fogo apagado de repente, o casal foi levado ao hospital. Sperry, ainda nu, chegou ao
hospital andando. A ousada sra.
Polk estava a seu lado, deitada
numa maca.
Tanto o instrutor quanto sua
aluna fogosa sobreviveram.
Mais tarde, Sperry contou a um
amigo o que acontecera: durante
suas manobras aéreas, empurrou
o giroscópio do piloto automático, involuntariamente.
Como Dave entrou no clube
Tio Dave entrou para o Mile-High Club em 1959, quando viajava de Nova York ao Rio de Janeiro
num velho DC-6.
Lá estava eu, ombro a coxa com
uma garota que poderia ter sido
uma estrela de cinema -e era
minha por toda a duração do vôo.
Ninados pelo ronronar dos motores do avião, embalados pela
ocasional turbulência sobre o Caribe e excitados pela emoção da
viagem, entramos num clima íntimo, confessional, sentindo-nos
envoltos num casulo protetor.
A maioria de nós tece fantasias
em que nos vemos dando de cara
com o amor no ar, mas nós dois,
jovens de sorte que éramos, deixamos nossa paixão correr solta no
azul do céu.
Estávamos sozinhos numa fileira de assentos ao lado da saída,
com muito espaço para nossas
pernas.
Na metade do vôo, quando sobrevoávamos Barbados, as luzes
da ilha lá embaixo bruxuleavam
como distantes vaga-lumes.
O passageiro no banco de trás
roncava.
A carioca que se tornara minha
nova amiga íntima pegou um par
de cobertores da Varig e deitou-se
no confortável assento antiquado.
Virou-se de lado, de costas para
a janela e com os pés voltados ao
corredor. E...
-- X --
Até o final do ano 2000, os passageiros da Virgin Atlantic já vão
poder reservar um assento que se
converte em cama de casal.
Foi isso mesmo que você leu,
Joãozinho.
Por cerca de US$ 5.500, ida e
volta, as pessoas que viajarem de
Nova York a Londres vão poder
se espreguiçar, se esticar e até
mesmo ingressar no Mile-High
Club -e tudo isso por trás da
proteção oferecida por um "biombo de privacidade" que poderá
ser puxado quando assim o quiserem.
Esperemos que os biombos tenham isolamento acústico.
Tradução de Clara Allain
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