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PARATY
História, comida e natureza embalam quilombo no RJ
Visita a território de descendentes de escravos rende passeio peculiar de volta às raízes históricas do país
CARLOS MINUANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARATY
Em tempos de caos aéreo e
ambiental, visitar uma comunidade quilombola pode ser uma
boa opção de passeio diferente,
econômico e ecologicamente
correto. É o caso do quilombo
Campinho da Independência,
localizado a 13 km de Paraty, no
Estado do Rio.
Lá, o visitante pode escolher
entre atividades culturais, gastronômicas e, se estiver em boa
forma, uma trilha ecológica
-duas horas de caminhada
com direito a um refrescante
banho de cachoeira no final.
O quilombo é um território
habitado por descendentes de
negros escravos.
O melhor espírito para uma
aventura como essa é não criar
grandes expectativas, afinal você não estará indo a uma tribo
africana, não verá mulheres e
homens com penteados e roupas típicas e não há terreiro de
candomblé -ao menos não
neste caso.
Nesse território, até mesmo
o jongo (dança típica africana)
ou a percussão só aparecem em
apresentações pontuais.
Tendo isso em mente, é relaxar e aproveitar para conhecer
o ambiente e viajar nas várias
histórias do lugar.
Em geral, quem conta tudo e
mais um bocado são as nativas
da comunidade, que trabalham
como guias e acompanham os
visitantes, mas a conversa pode
ser também com um dos vários
"griôs" -anciões contadores de
histórias e lendas.
Não é necessário se estender
muito na prosa para perceber
que o papo pode se tornar um
mergulho nas raízes históricas
do país. Por meio das narrativas, os velhos quilombolas
mostram um retrato do universo de seus antepassados escravos, os duros tempos da senzala
e as lutas pela libertação.
Mapa do quilombo
Os roteiros de visita ao quilombo do Campinho não são rigorosos e podem ser montados
de acordo com o gosto do freguês. Um bom começo pode ser
a casa de artesanato, onde tudo
é feito à base de palha, tecido,
bambu, cipó ou sementes. Na
seqüência, uma passadinha rápida por alguns dos 13 núcleos
familiares -no total são aproximadamente 140 famílias.
Feito o social básico, é hora
de ir para o mato.
A primeira parada pode ser a
agrofloresta, projeto de aproveitamento e recuperação do
solo tocado em parceria com
universidades, instituições de
pesquisa e pequenos agricultores da região.
Para chegar até o local caminha-se cerca de 15 minutos. O
percurso inclui uma travessia
por um pequeno lago e trechos
de dificuldade moderada.
Se a essa altura o calor já estiver atazanando, uma boa solução pode ser visitar a casa de farinha na entrada do quilombo.
Lá, funcionava, há até pouco
tempo, uma engenhosa tecnologia de produção ecologicamente correta, movida a água,
atualmente desativada. Mas tudo bem, você estará ao lado de
uma bela cachoeira, onde vale
dar uma boa relaxada. E o melhor: o acesso é bem simples.
Depois de tanta andança, reserve um tempo para saborear
a culinária tradicional. O cardápio inclui desde a óbvia feijoada
a pratos como o peixe cozido
com banana. A sobremesa geralmente é feita com frutas da
região: jaca, banana e mamão
verde. E há ainda o café de cana,
biju feito do amido da mandioca assada e a paçoca de banana
verde. A partir de novembro, os
quitutes típicos serão servidos
em um novo restaurante.
Depois, é bom aproveitar para descansar assistindo às apresentações de percussão e da
dança tradicional do jongo.
Mas lembre-se: um quilombo
não é um centro turístico convencional. Portanto, para que
tudo funcione bem, é importante agendar com antecedência sua visita.
QUILOMBO CAMPINHO DA INDEPENDÊNCIA
BR-101, km 582, Paraty (RJ). O pacote simples (visita aos núcleos familiares, à casa de artesanato, à
agrofloresta e aos griôs, com duração de aproximadamente 3 horas)
custa R$ 25
Tel.: 0/ xx/24/3371-4866
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