São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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Construções centenárias marcam caminho percorrido por dom Pedro 1º antes de proclamar a Independência

Monumentos e "pousos" pontuam trajeto

DO ENVIADO ESPECIAL À SERRA DO MAR

Às margens do rio Ipiranga, em 1822, dom Pedro 1º declarou a Independência do Brasil logo após ter sido alcançado por um mensageiro da Corte, em meio à viagem que fazia de Santos a São Paulo. Até aí, nenhuma novidade.
No entanto o que normalmente não se conta nas aulas de história é que, para vir do litoral paulista à atual capital do Estado, numa época em que não havia rodovias e as viagens eram dificultadas pela mata fechada na serra, o imperador utilizou como via de acesso a então famosa Calçada do Lorena.
Primeira via de ligação pavimentada entre o planalto paulista e o porto de Santos, a Calçada do Lorena é um deleite para quem quer conhecer a história de São Paulo e do Brasil ao ar livre.
Construída em 1792, quando Bernardo José Maria de Lorena era governador da capitania de São Paulo (daí o nome da estrada), a calçada tinha o intuito de facilitar o transporte de pessoas e de cargas, sobretudo para escoar a produção açucareira do interior paulista e, no sentido inverso, os bens manufaturados europeus.
Ainda hoje dá para ver partes do calçamento original, aberto a partir de primitivas trilhas indígenas. O caminho é considerado a primeira estrada do Brasil a ter cuidadosos levantamentos topográficos, hidrográficos e de engenharia antes de sua realização.

Monumentos
A grande atração são os diversos monumentos, "pousos" (locais de parada das tropas, hoje ponto de encontro de ciclistas e de "trekkers") e marcos históricos do início do século 20. No ponto mais alto da calçada, além da vista para a Baixada Santista, está o monumento do Pico, cuja construção deve-se ao presidente Washing- ton Luís. Edificado em granito onde ficava uma obra em homenagem a Bernardo de Lorena, a autoria do monumento é atribuída ao arquiteto Victor Dubugras.
Quando a calçada encontra pela primeira vez a estrada velha de Santos, outra edificação histórica é o Belvedere Circular, construção em forma de círculo que proporciona um visão panorâmica da estrada até a Baixada Santista.
Poucos metros à frente, já no caminho do Mar, vê-se o rancho da Maioridade, também projetado por Dubugras em comemoração ao centenário da Independência do país, em 1922. Hoje o casarão de pedra, tijolos e granito lavrado encontra-se em péssimo estado de conservação, embora ainda apresente os requintes arquitetônicos da época em que foi levantado, como uma barra de azulejos documentando uma viagem de dom Pedro 2º, em 1846.
Um dos edifícios mais bonitos do trajeto é o Padrão do Lorena, uma construção com belas esculturas, escadarias e mesas para piquenique no entorno. No arco central do monumento, em azulejos, pode-se observar um retrato de Bernardo de Lorena. Nos muros, pedras do caminho original.
A aula de história acaba no Cruzeiro Quinhentista, já de frente para o pólo petroquímico de Cubatão e marco final da Calçada do Lorena. Construído no ponto de encontro do caminho do Mar com o caminho do Padre José (que não existe mais), o cruzeiro tem no seu corpo central nomes que marcaram a história da subida ao planalto, como José de Anchieta, Mem de Sá e João Ramalho. (CÁSSIO AOQUI)


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