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Construções centenárias marcam caminho percorrido por dom Pedro 1º antes de proclamar a Independência
Monumentos e "pousos" pontuam trajeto
DO ENVIADO ESPECIAL À SERRA DO MAR
Às margens do rio Ipiranga, em
1822, dom Pedro 1º declarou a Independência do Brasil logo após
ter sido alcançado por um mensageiro da Corte, em meio à viagem
que fazia de Santos a São Paulo.
Até aí, nenhuma novidade.
No entanto o que normalmente
não se conta nas aulas de história
é que, para vir do litoral paulista à
atual capital do Estado, numa
época em que não havia rodovias
e as viagens eram dificultadas pela
mata fechada na serra, o imperador utilizou como via de acesso a
então famosa Calçada do Lorena.
Primeira via de ligação pavimentada entre o planalto paulista
e o porto de Santos, a Calçada do
Lorena é um deleite para quem
quer conhecer a história de São
Paulo e do Brasil ao ar livre.
Construída em 1792, quando
Bernardo José Maria de Lorena
era governador da capitania de
São Paulo (daí o nome da estrada), a calçada tinha o intuito de facilitar o transporte de pessoas e de
cargas, sobretudo para escoar a
produção açucareira do interior
paulista e, no sentido inverso, os
bens manufaturados europeus.
Ainda hoje dá para ver partes do
calçamento original, aberto a partir de primitivas trilhas indígenas.
O caminho é considerado a primeira estrada do Brasil a ter cuidadosos levantamentos topográficos, hidrográficos e de engenharia antes de sua realização.
Monumentos
A grande atração são os diversos
monumentos, "pousos" (locais de
parada das tropas, hoje ponto de
encontro de ciclistas e de "trekkers") e marcos históricos do início do século 20. No ponto mais
alto da calçada, além da vista para
a Baixada Santista, está o monumento do Pico, cuja construção
deve-se ao presidente Washing-
ton Luís. Edificado em granito
onde ficava uma obra em homenagem a Bernardo de Lorena, a
autoria do monumento é atribuída ao arquiteto Victor Dubugras.
Quando a calçada encontra pela
primeira vez a estrada velha de
Santos, outra edificação histórica
é o Belvedere Circular, construção
em forma de círculo que proporciona um visão panorâmica da estrada até a Baixada Santista.
Poucos metros à frente, já no caminho do Mar, vê-se o rancho da
Maioridade, também projetado
por Dubugras em comemoração
ao centenário da Independência
do país, em 1922. Hoje o casarão
de pedra, tijolos e granito lavrado
encontra-se em péssimo estado
de conservação, embora ainda
apresente os requintes arquitetônicos da época em que foi levantado, como uma barra de azulejos
documentando uma viagem de
dom Pedro 2º, em 1846.
Um dos edifícios mais bonitos
do trajeto é o Padrão do Lorena,
uma construção com belas esculturas, escadarias e mesas para piquenique no entorno. No arco
central do monumento, em azulejos, pode-se observar um retrato
de Bernardo de Lorena. Nos muros, pedras do caminho original.
A aula de história acaba no Cruzeiro Quinhentista, já de frente
para o pólo petroquímico de Cubatão e marco final da Calçada do
Lorena. Construído no ponto de
encontro do caminho do Mar
com o caminho do Padre José
(que não existe mais), o cruzeiro
tem no seu corpo central nomes
que marcaram a história da subida ao planalto, como José de Anchieta, Mem de Sá e João Ramalho.
(CÁSSIO AOQUI)
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