São Paulo, segunda, 5 de abril de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POROROCA CULTURAL
Ilha recende a tinta e mostra bordados
Nativos da Madeira pintam e bordam

da enviada especial
ao Mediterrâneo e ao Atlântico


É sem dúvida Portugal: fala-se português, nos bares não faltam pastéis de Belém e nas TVs ligadas surge uma ou outra novela brasileira. Mas é um Portugal diferente, renovado. Uma Lisboa em miniatura sem o limo, o ar de velhice da capital portuguesa.
Em Funchal, na ilha da Madeira, tudo recende a tinta fresca: a tinta branca ou no máximo bege de todas as casas, que lembram a arquitetura colonial das fazendas do interior de São Paulo ou de Minas Gerais, e a tinta verde-musgo com que são pintadas todas -sem exceção- as janelas, seja de casas, edifícios, seja de hotéis.
Trata-se de uma tradição: o branco das paredes, o verde das janelas e o vermelho dos telhados simbolizam a ilha.
Funchal, que dá nome ao porto, é a cidade mais importante da Madeira. Ali se concentram os numerosos hotéis, os cafés e as lojas de bordados, tudo basicamente voltado para o turismo, apesar de praticamente não haver praias em toda a ilha.
Os bordados são vendidos a peso de ouro. Um conjunto de toalha e guardanapos feitos a mão, em tecido nobre, pode custar até US$ 12 mil. Os mais baratos saem na faixa de US$ 1.000. Nos camelôs, dá para comprar uma toalhinha de bandeja por US$ 50.
São três os grandes orgulhos dos habitantes da ilha da Madeira: os bordados, o vinho e o peixe-espada. Os dois últimos são bem mais acessíveis que o primeiro. O vinho, que não é de mesa, mas para ser tomado como aperitivo ou digestivo, é feito dos vinhedos cultivados na própria ilha, no sistema de terraços que garante o aproveitamento da área montanhosa.
O peixe-espada não é um peixe como outro qualquer. Vive em profundidades de até 800 metros e morre, ao ser fisgado, apenas pela diferença de pressão até a superfície. Isso causa o bizarro fato de nunca um pescador ter visto o peixe vivo. Sua carne é deliciosa e extremamente branca.
Cada cantinho de terra é aproveitado. A agricultura é familiar, na base da foice e do ancinho, já que não existem máquinas. São plantações de quintal, que, além de uvas, produzem bananas para exportação. O sistema de terraços proporciona uma paisagem interessante, por isso vale a pena dar uma volta pelo interior da ilha.
Alguns outros passeios diferentes são descer uma encosta numa espécie de montanha-russa pré-histórica, com carrinhos seguros por dois homens, ou dar uma de Cabral e navegar numa caravela, que fica ancorada no porto de Funchal e usa velas de verdade -com um motor para o caso de uma calmaria inesperada. (FRv)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.