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POROROCA CULTURAL
Ilha recende a tinta e mostra bordados
Nativos da Madeira pintam e bordam
da enviada especial
ao Mediterrâneo e ao Atlântico
É sem dúvida Portugal: fala-se
português, nos bares não faltam
pastéis de Belém e nas TVs ligadas
surge uma ou outra novela brasileira. Mas é um Portugal diferente,
renovado. Uma Lisboa em miniatura sem o limo, o ar de velhice da
capital portuguesa.
Em Funchal, na ilha da Madeira,
tudo recende a tinta fresca: a tinta
branca ou no máximo bege de todas as casas, que lembram a arquitetura colonial das fazendas do interior de São Paulo ou de Minas
Gerais, e a tinta verde-musgo com
que são pintadas todas -sem exceção- as janelas, seja de casas,
edifícios, seja de hotéis.
Trata-se de uma tradição: o branco das paredes, o verde das janelas
e o vermelho dos telhados simbolizam a ilha.
Funchal, que dá nome ao porto, é
a cidade mais importante da Madeira. Ali se concentram os numerosos hotéis, os cafés e as lojas de
bordados, tudo basicamente voltado para o turismo, apesar de praticamente não haver praias em toda
a ilha.
Os bordados são vendidos a peso
de ouro. Um conjunto de toalha e
guardanapos feitos a mão, em tecido nobre, pode custar até US$ 12
mil. Os mais baratos saem na faixa
de US$ 1.000. Nos camelôs, dá para
comprar uma toalhinha de bandeja por US$ 50.
São três os grandes orgulhos dos
habitantes da ilha da Madeira: os
bordados, o vinho e o peixe-espada. Os dois últimos são bem mais
acessíveis que o primeiro. O vinho,
que não é de mesa, mas para ser tomado como aperitivo ou digestivo,
é feito dos vinhedos cultivados na
própria ilha, no sistema de terraços que garante o aproveitamento
da área montanhosa.
O peixe-espada não é um peixe
como outro qualquer. Vive em
profundidades de até 800 metros e
morre, ao ser fisgado, apenas pela
diferença de pressão até a superfície. Isso causa o bizarro fato de
nunca um pescador ter visto o peixe vivo. Sua carne é deliciosa e extremamente branca.
Cada cantinho de terra é aproveitado. A agricultura é familiar, na
base da foice e do ancinho, já que
não existem máquinas. São plantações de quintal, que, além de uvas,
produzem bananas para exportação. O sistema de terraços proporciona uma paisagem interessante,
por isso vale a pena dar uma volta
pelo interior da ilha.
Alguns outros passeios diferentes são descer uma encosta numa
espécie de montanha-russa pré-histórica, com carrinhos seguros
por dois homens, ou dar uma de
Cabral e navegar numa caravela,
que fica ancorada no porto de Funchal e usa velas de verdade -com
um motor para o caso de uma calmaria inesperada.
(FRv)
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