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PELAS ESTANTES
Maior biblioteca do mundo, instituição dos EUA compensa acesso restrito com programação cultural
Congresso americano soma 848 km de obras
FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON
Para ambientar seus luxuosos
cenários, o diretor de cinema italiano Luchino Visconti costumava encher de roupas de seda armários e gavetas que nunca seriam abertos nas filmagens. "O
público não verá, mas os atores
sabem que as roupas estão lá dentro", justificava.
O turista que visita a Biblioteca
do Congresso, a maior do mundo,
não tem acesso ao acervo de 128
milhões de itens (29 milhões de livros), distribuído em 460 línguas
e perfilado em 848 km de prateleiras. Mas o visitante não precisa
percorrê-las para ter a sensação
de que está na Biblioteca de Alexandria dos tempos modernos.
Localizado ao lado do Capitólio,
o imponente prédio principal da
biblioteca é uma das atrações
mais visitadas da capital norte-americana: com 4.000 funcionários, recebe cerca de 1 milhão de
turistas e pesquisadores por ano.
A entrada é gratuita a todos.
Além dos visitantes, a biblioteca
recebe diariamente 22 mil itens,
dos quais 10 mil acabam no acervo permanente -ou seja, são
quase sete aquisições por minuto.
Apenas sobre a América Latina,
o Caribe e os países ibéricos, há
aproximadamente 10 milhões de
itens. Há tantas obras sobre o Brasil que uma busca pela internet
(disponível no site www.loc.gov)
só consegue listar 10 mil. O acervo
inclui até relatos manuscritos sobre aquela viagem que um certo
Pedro Álvares Cabral fez em 1500.
Mas o turista não se mistura
com o pesquisador. Cada um tem
entrada e procedimentos diferentes. O único contato é visual: os visitantes podem ver de cima a bela
sala de leitura principal, quase
sempre cheia e silenciosa.
Sem acesso ao acervo, a atração
maior acaba sendo o imponente
edifício Thomas Jefferson. Construído em 1897, tem o teto adornado por afrescos, e as paredes e
os salões, com pinturas e esculturas. Vale a pena participar de uma
visita guiada para conhecer detalhes da construção do prédio e das
obras de arte.
A biblioteca ainda tem uma intensa programação cultural, quase sempre gratuita e aberta ao público. É recomendável visitar o site para ver os concertos, lançamentos de livros, simpósios e palestras do dia da visita. Em fevereiro, por exemplo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou no auditório principal, a convite do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger.
Também há as pequenas exposições montadas a partir do acervo permanente. Com forte acento
patriótico, parte dessas mostras é
dedicada a documentos presidenciais de nomes como os democratas John Kennedy e Franklin Roosevelt. Atualmente, estão em exposição discursos de posse de alguns dos 23 presidentes norte-americanos cujas bibliotecas estão depositadas ali.
Outra preciosidade que está à
disposição do público é uma das
três cópias intactas em todo o
mundo da Bíblia de Gutenberg,
inventor dos tipos móveis, datada
do século 15. O primeiro mapa a
usar a palavra América também
pode ser visto. Elaborado em 1507
pelo alemão Martin Waldseemüller, foi adquirido há três anos e
custou US$ 10 milhões.
Já quanto à Declaração de Independência dos EUA, a chamada
"certidão de nascimento da América", o turista só tem acesso ao
fac-símile. Pode soar frustrante,
mas a estratégia do italiano Visconti funciona.
Biblioteca do Congresso - Funciona de
segunda a sábado, das 10h às 17h30; entrada gratuita.
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