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AUSTRÁLIA
Bebidas razoáveis custam a partir de A$ 12, mas o preço pode ser absurdo no caso de um Penfold's premiado
Vinhos locais ganham espaço no mundo
do enviado especial à Austrália
A moderna indústria vinícola
australiana começou tímida, tomando conta das áreas mais frescas no sul do território, mas se tornou mundialmente festejada.
Hoje o país produz apenas 2% da
produção global, mas coloca no
mercado vinhos arrojados, produzidos por mais de 900 vinícolas.
E, se há uma década os brancos
se destacavam -notadamente os
produzidos com uvas do tipo riesling-, hoje são os tintos -especialmente os que utilizam as varietais merlot, pinot noir, cabernet e
shiraz- que fazem mais sucesso.
Entre os vinhos brancos, o chardonnay logo se popularizou, mas
hoje o mercado tem preferido os
de sabor menos "emadeirado",
sem tanto gosto de carvalho.
Os vinhos razoáveis custam a
partir de A$ 12, mas o céu pode ser
o limite no caso de um Penfold's
premiado.
O vale do Yarra
Para visitar regiões produtoras,
vale, por exemplo, fazer o passeio
pelas cercanias de Melbourne, viajando uns 50 km na direção leste.
Nessa região do Estado de Victoria conhecida como vale do Yarra
ou Lilydale, o cultivo dos vinhedos
começou no século passado, mas
foi interrompido por várias décadas, dando lugar à criação de gado
leiteiro.
Restabelecida, a indústria vitivinícola do Yarra tem hoje cerca de
45 casas produtoras. Entre as mais
visitadas estão a Yering Station, a
Domaine Chandon e a De Bortoli.
A primeira, que pertence aos irmãos Rathbone e também produz
vinhos com as marcas Yarrabank e
Barak's Bridge, é uma vinícola-butique, com cave de arquitetura moderna projetada por Robert Conti,
espaço para eventos e mostras.
O local é perfeito para degustar
um bom frisante -espumante
brut de bolhas pequenas, feito pelo
Méthode Champanoise e batizado
de Devaux Grande.
Essa propriedade -cujo endereço é 38, Melba Highway, tel. local
(03) 9739-1107- ocupava 20 hectares em 1996 e hoje se espalha por
250 hectares, produzindo ainda
tintos como um pinot noir vigoroso (embora um pouco turvo), além
de bons vinhos cabernet e shiraz.
Já a Domaine Chandon, pertencente à tradicional produtora francesa de champanhe Moët & Chandon, que também lhe dá apoio técnico, limita-se a produzir vinhos
frisantes comercializados na Austrália com a marca Green Point.
Localizada na Maroondah Higway (tel. local 03-9739-1110), essa
vinícola dista poucos quilômetros
da Yering Station e foi estabelecida
em 1985 numa fazenda de leite que
remonta a 1880. Entre as varietais
mais utilizadas na Domaine Chandon estão as uvas pinot noir, chardonnay e pinot meunier.
Nas redondezas, a De Bortoli (tel.
local 03-5965-2271), gerenciada
por uma família no distrito de Riverina, ganhou fama pelo vinho seco Botrytis semillon. Mas se destaca das demais por ter um restaurante elegante, especializado em
pratos do norte da Itália.
Para quem quer algo bem mais
simples -e talvez mais autêntico-, há na região dessas vinícolas
um restaurante rústico, o Yarra
Valley Dairy Café. Localizada na
rua McMeikans, em Yering (tel. local 03-9739-0023), essa estalagem
centenária fabrica e serve diversas
variedades de queijo, entre as
quais se destacam o grabetto (de
cabra, fresco ou maturado, este
com aparência de camembert), o
fetta pérsico (marinado em óleo de
oliva e temperado com ervas), o
mascarpone reale (que mescla
mascarpone com gorgonzola azul)
e o clotted cream (queijo amanteigado de origem inglesa).
Um brinde à história
Na Austrália, a região sul é a que
mais produz vinhos, com destaque, entre outras, para os vales do
Yarra, Hunter, Clare e Barossa, as
regiões próximas ao rio Margaret,
à Coonawarra e à Tasmânia.
Apesar de o vinho ter sido introduzido na Austrália em 1788, logo
no início da colonização do país, a
vitivinicultura só ganhou importância por volta de 1830.
O escocês James Busby, que chegou a Sydney em 1824, foi o mentor
dessa indústria, trazendo da Europa videiras que foram plantadas no
vale Hunter, no Estado de Nova
Gales do Sul.
Por volta de 1859, além de Nova
Gales do Sul, os Estados de Victoria, Austrália Ocidental, Austrália
do Sul, Queensland e Tasmânia
também já tinham seus vinhedos.
O boom do vinho australiano,
entretanto, só ocorreu muitos
anos depois, já na década de 70.
De 1987 para cá, a produção saltou de 8 milhões de litros para 160
milhões de litros/ano -e estima-se que atualmente o país tenha 10
mil vinhos diferentes à venda.
(SILVIO CIOFFI)
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