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Cidade foi musa de Jorge Amado
DA ENVIADA ESPECIAL
"É de Ilhéus que nasce o que de
mais puro e sensível, o que de
mais belo possa ter o que escrevi.
Ilhéus como tema me inspirou,
me marcou de forma profunda o
que escrevi de alma e corpo."
Quando recebeu o título de cidadão ilheuense, em 1997, Jorge
Amado mais uma vez exaltou a
importância da cidade na sua vida
e obra. Ele continua: "Em nenhum momento desses acontecimentos que me tornaram conhecido deixei de me lembrar que foi
aqui onde tudo começou. Foi
aqui, em Ilhéus, na praça do Vesúvio, não foi noutro lugar".
A praça é a primeira parada dos
estudantes, que são recebidos pelas baianas grapiúnas, com sua
simpatia peculiar. O bar Vesúvio,
um dos cenários do romance de
Gabriela e Nacib, personagens de
"Gabriela, Cravo e Canela" (1958),
oferece bom chope e seu tradicional quibe no mesmo local em que
os coronéis se reuniam para falar
de política e, claro, de cacau.
Uma apresentação de dança e
música das lavadeiras, ao som de
refrões do tipo "Ensaboa menina,
ensaboa", inaugura as atividades
de interação do projeto Intercâmbio Universitário. Em frente ao
Vesúvio, na mesma praça da catedral de São Sebastião, artistas
marcam a história das lavadeiras.
A lavadeira Valderez de Freitas
Teixeira, 65, cantou na novela
"Renascer", exibida pela TV Globo em 1993, às margens do rio Cachoeira. "Foi emocionante falar
da nossa cultura na novela."
Nos arredores do Vesúvio está o
famoso quarteirão Jorge Amado,
que abriga também o Teatro Municipal, o palácio Paranaguá, o
palacete Misael Tavares e outros
patrimônios históricos.
Durante a aula de literatura,
dentro da casa de Jorge Amado,
um escritor nordestino entra em
cena: Hélio Pólvora, nascido em
1928 e autor de "Os Galos da Aurora", "A Mulher na Janela", entre
outros livros. Ele acrescenta pormenores às aulas da professora
Reheniglei Rehem, 41. Na sequência, é hora da aula de história e patrimônio pelo quarteirão.
A aventura não termina por aí.
Os alunos passam uma tarde no
terreiro Ilê Axé Ijexá, acompanhados pelo babalorixá e professor da Uesc Ruy do Carmo Povoas, 58, que mostra o terreiro de
candomblé e suas representações.
Povoas fala do significado da velhice na cultura afro-brasileira,
dos orixás, dos rituais. No final, os
visitantes são saudados com danças e iguarias baianas.
(KC)
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