São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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Cidade foi musa de Jorge Amado

DA ENVIADA ESPECIAL

"É de Ilhéus que nasce o que de mais puro e sensível, o que de mais belo possa ter o que escrevi. Ilhéus como tema me inspirou, me marcou de forma profunda o que escrevi de alma e corpo."
Quando recebeu o título de cidadão ilheuense, em 1997, Jorge Amado mais uma vez exaltou a importância da cidade na sua vida e obra. Ele continua: "Em nenhum momento desses acontecimentos que me tornaram conhecido deixei de me lembrar que foi aqui onde tudo começou. Foi aqui, em Ilhéus, na praça do Vesúvio, não foi noutro lugar".
A praça é a primeira parada dos estudantes, que são recebidos pelas baianas grapiúnas, com sua simpatia peculiar. O bar Vesúvio, um dos cenários do romance de Gabriela e Nacib, personagens de "Gabriela, Cravo e Canela" (1958), oferece bom chope e seu tradicional quibe no mesmo local em que os coronéis se reuniam para falar de política e, claro, de cacau.
Uma apresentação de dança e música das lavadeiras, ao som de refrões do tipo "Ensaboa menina, ensaboa", inaugura as atividades de interação do projeto Intercâmbio Universitário. Em frente ao Vesúvio, na mesma praça da catedral de São Sebastião, artistas marcam a história das lavadeiras.
A lavadeira Valderez de Freitas Teixeira, 65, cantou na novela "Renascer", exibida pela TV Globo em 1993, às margens do rio Cachoeira. "Foi emocionante falar da nossa cultura na novela."
Nos arredores do Vesúvio está o famoso quarteirão Jorge Amado, que abriga também o Teatro Municipal, o palácio Paranaguá, o palacete Misael Tavares e outros patrimônios históricos.
Durante a aula de literatura, dentro da casa de Jorge Amado, um escritor nordestino entra em cena: Hélio Pólvora, nascido em 1928 e autor de "Os Galos da Aurora", "A Mulher na Janela", entre outros livros. Ele acrescenta pormenores às aulas da professora Reheniglei Rehem, 41. Na sequência, é hora da aula de história e patrimônio pelo quarteirão.
A aventura não termina por aí. Os alunos passam uma tarde no terreiro Ilê Axé Ijexá, acompanhados pelo babalorixá e professor da Uesc Ruy do Carmo Povoas, 58, que mostra o terreiro de candomblé e suas representações. Povoas fala do significado da velhice na cultura afro-brasileira, dos orixás, dos rituais. No final, os visitantes são saudados com danças e iguarias baianas. (KC)


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