São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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ESCOLA BAIANA

Em visita a órgão do Ministério da Agricultura, viajantes aprendem tudo sobre a história dessa cultura

Aluno pisa no cacau em lição sobre o fruto

DA ENVIADA ESPECIAL A ILHÉUS

Não fique decepcionado se ao desembarcar em Ilhéus o tempo estiver nublado e chuvoso, daqueles que você olha e considera perdido. O passeio certamente não terá acabado. Dada a instabilidade meteorológica da região, ideal para o cacaueiro, é possível que em alguns minutos o céu dê lugar a um maravilhoso sol. Uma prova disso está nos kits com capas de chuva dados aos participantes do Intercâmbio Universitário (leia na pág. F2) no aeroporto.
Com condições favoráveis para se desenvolver -clima quente e úmido e solos profundos-, o cacau era o verdadeiro combustível das relações comerciais do sul da Bahia. Os coronéis faziam e desfaziam com o poder que obtinham com os lucros: mandavam jagunços tomar terras, acompanhavam de longe o desenvolvimento das plantações e comandavam verdadeiros impérios na região.
No final dos anos 80, os produtores começaram a enfrentar a praga que até hoje é o terror dos produtores de cacau: a vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa).
No auge da produção cacaueira, o Brasil chegou a ser um dos maiores produtores mundiais do fruto. A praga fez a produção cair em pelo menos um terço, até começar a recobrar o fôlego nos últimos cinco anos.
Em 1926, o Brasil chegou a exportar mais de 47 mil sacos de cacau para Nova York, no navio sueco Falco, que partia de Ilhéus.
Toda a história do cacau pode ser revista e acompanhada na visita ao Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, que coordena a difusão de pesquisas relacionadas à lavoura cacaueira. Lá, os participantes do Intercâmbio Universitário podem conhecer de perto as plantações de cacau e o processo de fermentação do fruto, prová-lo (naturalmente) e até pisar nas suas amêndoas.
A barcaça, espécie de telhado de casa que se movimenta em trilhos, serve para proteger as sementes da chuva. E aquela quase dança em cima de um monte delas, vista na novela "Renascer", serve para tirar um fungo que se desenvolve com a umidade, e não para amassar as sementes, como muita gente imagina.
Os alunos vão conhecer também o laboratório onde está sendo feito o sequenciamento do DNA da vassoura-de-bruxa, projeto em andamento há dois anos. Segundo o biólogo Julio Cascardo, que coordena a pesquisa, cerca de 4.000 genes já foram identificados (estima-se que o fungo tenha pelo menos 8.000). A alternativa à ameaça da vassoura-de-bruxa é a clonagem a partir de enxertos. (KATIA CALSAVARA)


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