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ESCOLA BAIANA
Em visita a órgão do Ministério da Agricultura, viajantes aprendem tudo sobre a história dessa cultura
Aluno pisa no cacau em lição sobre o fruto
DA ENVIADA ESPECIAL A ILHÉUS
Não fique decepcionado se ao
desembarcar em Ilhéus o tempo
estiver nublado e chuvoso, daqueles que você olha e considera perdido. O passeio certamente não
terá acabado. Dada a instabilidade meteorológica da região, ideal
para o cacaueiro, é possível que
em alguns minutos o céu dê lugar
a um maravilhoso sol. Uma prova
disso está nos kits com capas de
chuva dados aos participantes do
Intercâmbio Universitário (leia
na pág. F2) no aeroporto.
Com condições favoráveis para
se desenvolver -clima quente e
úmido e solos profundos-, o cacau era o verdadeiro combustível
das relações comerciais do sul da
Bahia. Os coronéis faziam e desfaziam com o poder que obtinham
com os lucros: mandavam jagunços tomar terras, acompanhavam
de longe o desenvolvimento das
plantações e comandavam verdadeiros impérios na região.
No final dos anos 80, os produtores começaram a enfrentar a
praga que até hoje é o terror dos
produtores de cacau: a vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa).
No auge da produção cacaueira,
o Brasil chegou a ser um dos
maiores produtores mundiais do
fruto. A praga fez a produção cair
em pelo menos um terço, até começar a recobrar o fôlego nos últimos cinco anos.
Em 1926, o Brasil chegou a exportar mais de 47 mil sacos de cacau para Nova York, no navio
sueco Falco, que partia de Ilhéus.
Toda a história do cacau pode
ser revista e acompanhada na visita ao Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, que coordena
a difusão de pesquisas relacionadas à lavoura cacaueira. Lá, os
participantes do Intercâmbio
Universitário podem conhecer de
perto as plantações de cacau e o
processo de fermentação do fruto, prová-lo (naturalmente) e até
pisar nas suas amêndoas.
A barcaça, espécie de telhado de
casa que se movimenta em trilhos, serve para proteger as sementes da chuva. E aquela quase
dança em cima de um monte delas, vista na novela "Renascer",
serve para tirar um fungo que se
desenvolve com a umidade, e não
para amassar as sementes, como
muita gente imagina.
Os alunos vão conhecer também o laboratório onde está sendo feito o sequenciamento do
DNA da vassoura-de-bruxa, projeto em andamento há dois anos.
Segundo o biólogo Julio Cascardo, que coordena a pesquisa, cerca de 4.000 genes já foram identificados (estima-se que o fungo tenha pelo menos 8.000). A alternativa à ameaça da vassoura-de-bruxa é a clonagem a partir de enxertos.
(KATIA CALSAVARA)
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