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Set de novela vira museu
CAROL FREDERICO
ENVIADA ESPECIAL À BAHIA
Quem acompanhou a novela
"Renascer", que foi ao ar em 93
pela rede Globo, se lembra do cenário: uma fazenda na região cacaueira de Ilhéus. Com o declínio
da cultura, o proprietário da fazenda Primavera, Virgílio Costa
de Amorim, 58, abriu-a para visitação e turismo rural, mantendo
ali um museu sobre o tema.
No local estão a casa do seu bisavô -tombada pelo Patrimônio
Histórico Nacional-, documentos importantes do período do
Império e móveis da época, estes
inclusive usados na novela: o famoso altar de Maria Santa (interpretada por Patrícia França) e a
cama onde ela dormia com seu
marido José Inocêncio (vivido pelos atores Leonardo Vieira, na primeira fase, e Antônio Fagundes,
na segunda).
A visita começa na sede da fazenda. No Museu do Cacau, o
proprietário e cicerone exibe com
orgulho a carta vinda de Portugal,
cedendo a sesmaria para sua família, e a carta patente com um
olho de boi assinada por Marechal Deodoro, o primeiro presidente da República, concedendo
a seu avô o título de tenente-coronel, ou coronel do cacau, como
eram chamados.
Amorim pertence à sexta geração de proprietários daquilo que
compreende duas sesmarias. Desde 1993 as terras vêm atraindo turistas que aprendem como é o
funcionamento de uma fazenda
de cacau, desde o plantio até a secagem nas barcaças.
Trajetória
Apesar de o cacau ser uma árvore natural da floresta amazônica,
sua história teve marco inicial em
outro lugar: entre as civilizações
asteca e inca.
Primeiramente utilizado por essas civilizações como remédio e
fortificante -em forma de um líquido amargo que era chamado
de "chocolat"-, passou depois a
ser considerado afrodisíaco.
No século 18 teve sua primeira
muda plantada em Canavieiras
(BA), como árvore ornamental.
No Brasil foi utilizado também
como moeda de troca. Foi daí que
surgiu a expressão "fulano é cheio
do cacau".
Num intervalo de cerca de nove
dias, o cacau é colhido e ensacado
(veja quadro nesta pág.). Três fatores são fundamentais para que
o fruto prospere: calor, umidade e
sombra. "Isso Ilhéus tem de sobra", brinca Amorim.
Entre as lendas que rondam o
negócio cacaueiro, uma é sobre
aqueles que vão a Ilhéus e encostam na baba do cacau. Quem encostar e for casado deve fazer com
que seu(ua) companheiro(a) toque também, senão, voltará separado(a). Quem for solteira se casará com um coronel. Mas Amorim alerta que não há mais tantos
coronéis cheios do cacau como
antigamente.
No fim do passeio, Amorim oferece suco de cacau geladinho para
o pessoal.
Fazenda Primavera - Localizada no km
20 da rodovia Ilhéus-Itabuna, tel. 0/xx/
73/613-7817. Preços no local.
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