Tocador de tambor faz pausa na festa do Rosário dos Pretos de Minas Novas ao vale do Jequitinhonha

A festa do Rosário é das manifestações culturais mais fortes do interior mineiro, um retrato vivo da herança afro-brasileira.
Nossa Senhora do Rosário é a santa protetora dos negros. Diz a lenda que a virgem do Rosário apareceu sob as águas do mar. Os caboclos, já devotos da santa, rezaram, dançaram e cantaram para que ela viesse até eles, mas não tiveram sucesso.
Em seguida, os marujos, também devotos, fizeram o mesmo, sem nada conseguir. Por último, os negros foram até a praia e, após louvarem a santa, conseguiram que ela viesse até eles.
Foi assim, de acordo com a crença popular, que a santa passou a ser a protetora dos negros.
Julho é o mês de festa
A festa, organizada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, acontece justamente nesta época do ano, a partir do primeiro domingo de julho.
Um dos elementos mais belos desse evento é a apresentação dos congados, compostos exclusivamente por homens. São formados por quatro grupos de dançantes, e cada um tem sua representação figurativa específica.
A Caixa de Assovios representa, historicamente, os gemidos dos negros. Os participantes usam instrumentos musicais, como pífaros e caixas de couro, além de uniformes simples, com chapéu e paletó.
Os Marujos representam a marinha -ou os portugueses- e usam uniformes nas cores azul e branca, além de instrumentos como violas, violões, cavaquinhos, bandolins, banjos, pandeiros, caixas de couro e pífaros.
Já os Caboclos representam os índios, com trajes que incluem capacetes, saiotes, pulseiras, fitas, arcos e flechas, além de enfeites indígenas. Eles tocam caixas de couro e sanfona.
Por último, os Catopês representam os negros. Têm uniforme composto de capacete com penas de ema e capa de chitão multicolorida e trazem o peito enfeitado com pequenos espelhos, bijuterias e colares, tocando tamborins, caixas de couro e reco-recos.
Em Serro, a festa deste ano começou no dia 26 de junho e termina hoje. Já em Minas Novas, a festa é sempre realizada nos dias 23, 24 e 25 de junho. Além de representações religiosas, essas festas congregam a sociedade e são um retrato de união. (MARCOS PERON)



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