São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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BRASIL PROFUNDO
Agricultores fogem para outras colheitas
Vale vive a pior seca dos últimos 50 anos

ao vale do Jequitinhonha

O vale do Jequitinhonha vive a pior seca dos últimos 50 anos.
Uma das cidades mais afetadas é Berilo, no médio Jequitinhonha. A maioria dos córregos que alimentam o rio Araçuaí já secou.
O Araçuaí banha a cidade e é afluente do rio Jequitinhonha, que também está com a vazão baixa.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais) Carlos Chiavegatto, 45, a perda na agricultura foi total.
"Os pequenos agricultores nada plantaram este ano. O milho, que funciona também como combustível para os animais de carga, não deu nada. Quando chove aqui, o pessoal produz bastante feijão, abóbora, leite e cana."
Segundo o agrônomo, as chuvas na região são torrenciais e mal distribuídas, o que agrava a situação. Ele diz que apenas com a construção de pequenas barragens nos ribeirões se conseguiria uma efetiva retenção de água.
"Na área rural de Berilo, com uma população de 10 mil pessoas, cerca de 2.000 homens foram para a colheita de cana em outras cidades da região Sudeste."
Givanil Santos Silva foi trabalhar em Pitangueiras (SP) e há dois anos não manda notícias, nem dinheiro. A mãe, Bernardina Rocha Santos, 52, viúva, com seis filhos e com sete netos, diz: "Desde que vivo, nunca vi seca igual a esta."
Maria Neuza Neves, 27, cuida sozinha de cinco filhos depois que o marido foi para Jaboticabal (SP) cortar cana, há dois meses. "Comida, só uma vez por dia. E é fubá, arroz e feijão duro. A sacolinha do governo não resolve." (MP)



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