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BRASIL PROFUNDO
Agricultores fogem para outras colheitas
Vale vive a pior seca
dos últimos 50 anos
ao vale do Jequitinhonha
O vale do Jequitinhonha vive a
pior seca dos últimos 50 anos.
Uma das cidades mais afetadas é
Berilo, no médio Jequitinhonha. A
maioria dos córregos que alimentam o rio Araçuaí já secou.
O Araçuaí banha a cidade e é
afluente do rio Jequitinhonha, que
também está com a vazão baixa.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater-MG (Empresa de
Assistência Técnica e Extensão
Rural de Minas Gerais) Carlos
Chiavegatto, 45, a perda na agricultura foi total.
"Os pequenos agricultores nada
plantaram este ano. O milho, que
funciona também como combustível para os animais de carga, não
deu nada. Quando chove aqui, o
pessoal produz bastante feijão,
abóbora, leite e cana."
Segundo o agrônomo, as chuvas
na região são torrenciais e mal distribuídas, o que agrava a situação.
Ele diz que apenas com a construção de pequenas barragens nos ribeirões se conseguiria uma efetiva
retenção de água.
"Na área rural de Berilo, com
uma população de 10 mil pessoas,
cerca de 2.000 homens foram para
a colheita de cana em outras cidades da região Sudeste."
Givanil Santos Silva foi trabalhar
em Pitangueiras (SP) e há dois
anos não manda notícias, nem dinheiro. A mãe, Bernardina Rocha
Santos, 52, viúva, com seis filhos e
com sete netos, diz: "Desde que
vivo, nunca vi seca igual a esta."
Maria Neuza Neves, 27, cuida sozinha de cinco filhos depois que o
marido foi para Jaboticabal (SP)
cortar cana, há dois meses. "Comida, só uma vez por dia. E é fubá,
arroz e feijão duro. A sacolinha do
governo não resolve."
(MP)
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