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Pintor foi agiota e corretor
especial para a Folha
Giotto foi um dos artistas
mais requisitados da época em
que viveu.
Nascido na aldeia de Colle di
Vespignano, na Toscana, fez de
Florença seu ponto de referência e viajou por toda a península italiana.
Existem registros de passagens suas, sempre a trabalho,
por Assis, Roma, Rimini, Verona, Ferrara, Ravena, Nápoles
e Milão.
O "Ciclo de São Francisco",
em Assis, é o marco inicial da
arte de Giotto, mas sua obra
pode ser vista em cidades como
Pádua e Florença.
Aliás, Florença mostra uma
faceta pouco conhecida do artista, o arquiteto.
Ao lado da catedral de Santa
Maria del Fiore, o Duomo, eleva-se a torre de Giotto, um
campanário gótico.
Pádua
A capela Scrovegni, em Pádua, é a capela Sistina de Giotto. Em 38 afrescos, o artista
narrou cenas da vida da Virgem Maria e de Jesus Cristo.
Em cenários estilizados que
se contrapõem a um céu sempre azul, criou personagens de
carne e osso, pintados em claro-escuro, com volume e, mais
que tudo, sentimentos.
O afresco que mostra o encontro de são Joaquim e santa
Ana, pais da Virgem Maria, é
um exemplo de pintura que
traduz emoções humanas.
Uma comoção que se repete
em painéis como os que retratam o nascimento de Cristo, a
fuga para o Egito, o beijo de Judas ou a lamentação sobre o
Cristo morto.
Sobre a porta da capela, Giotto pintou o "Juízo Final", com
um Cristo plácido, ao contrário do juiz implacável que Michelangelo criou na capela Sistina, no Vaticano.
Giotto trabalhou nos afrescos
entre 1304 e 1306. É a súmula de
sua arte, com as pinturas mais
inovadoras de seu tempo, ainda hoje poderosas.
Quase dez anos depois, em
1317, concebeu seis cenas da vida de são Francisco para a capela Bardi, na igreja de Santa
Croce, em Florença.
Trabalhou com auxiliares,
aprimorou suas noções de
perspectiva e obteve resultados
maiores, como no afresco que
representa a morte de são
Francisco.
Giotto manteve um próspero
ateliê em Florença, do qual saíram painéis sobre madeira como "Virgem com o Menino e
Santos", hoje na Galeria degli
Uffizi, na cidade.
Já não prevalece o modelo bizantino da "Virgem em Majestade", mas a representação de
uma Virgem que é, sobretudo,
mulher.
Fama e dinheiro
Artista requisitado, cercado
de colaboradores, Giotto acabou enriquecendo.
Na vida prática, manteve-se
distante de qualquer sombra
da espiritualidade que manifestava na arte.
Giotto emprestava dinheiro a
juros, comprava casas e terrenos, alugava e revendia. E fazia
madonas que hoje estão em
museus de Paris e Washington.
Em 1314, Giotto acionou seis
devedores por falta de pagamento, ameaçando-os de falência, execução de hipoteca e
prisão por dívidas.
Provavelmente nem se lembrava de que, na capela Scrovegni, quase em monocromia,
pintara figuras que representavam os vícios e as virtudes.
"Virgem com o Menino Jesus, do Mestre de San Martino
alla Palma", têmpera sobre
madeira do acervo do Museu
de Arte de São Paulo, é uma
amostra da poética de Giotto.
Já se está a anos-luz da bizantina "Virgem em Majestade
com o Menino e Dois Anjos",
do Mestre do Bigallo, também
do Masp.
Isso graças a Giotto.
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