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LETÔNIA, LITUÂNIA, ESTÔNIA
Em pleno renascimento, Riga vive efervescência
Mais cosmopolita entre as capitais da região, cidade sempre foi cobiçada por ligar a Europa à Rússia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
NA LETÔNIA
Descobrir Riga é compreender os séculos em que esteve
nas mãos da Alemanha, Polônia, Suécia e Rússia. É possível
notar a influência cultural que
cada um desses povos deixou
na arquitetura e no povo letão.
Riga é uma cidade em pleno
renascimento. É a mais cosmopolita das três capitais bálticas.
Conseguiu restaurar com esplendor seus prédios art nouveau, considerados patrimônio
da humanidade pela Unesco.
Alegre e boêmia, a capital da
Letônia oferece um misto de
história e efervescência contemporânea. A melancolia dos
anos de ocupação soviética foi
substituída por um clima de
otimismo: a economia letã
nunca cresceu em ritmo tão
acelerado. Graças à entrada do
país na União Européia, em
2004, Riga recuperou não só a
estabilidade, como o apelido de
"Pequena Paris", dado nos anos
30, por causa da intensa expansão artística e cultural.
Gama de estilos
O coração de Riga é a cidade
velha, fundada no século 12.
Andar pelo labirinto de ruelas
estreitas é uma viagem no tempo, perfumada pelo aroma de
chocolate quente no ar. Ao som
dos sinos das igrejas, o centro
histórico, batizado de Vecriga
pelos letões, seduz pelas fachadas coloridas e pela fartura de
estilos arquitetônicos: do romano ao gótico, passando pelo
barroco e o neoclássico, tudo se
encaixa com perfeição. Nada
menos do que 80 casas foram
tombadas pela Unesco.
A Doma Laukums, a praça da
catedral, é um bom ponto de
partida. Os destaques dessa catedral luterana ficam por conta
dos vitrais, que mostram cenas
da vida da Riga medieval, e do
orgão com 7 mil tubos, considerado um dos melhores do mundo. Não perca a oportunidade
de assistir a um concerto.
Paradas
Caminhando em direção ao
rio Daugava, outra praça imperdível: a Ratslaukums, onde
fica a mais bela construção do
centro histórico: a Casa das
Confrarias dos Cabeças Negras,
símbolo do passado hanseático
de Riga, que foi totalmente renovada para a celebração dos
800 anos da cidade, em 2001.
Ao redor da praça, é possível
encontrar cafés charmosos, casas de chá e antiquários. Faça
uma pausa no Emihls Gustavs
Chocolat, sob as arcadas do
Berg Bazaar, antes de continuar o passeio para visitar a gótica igreja de São Pedro.
A melhor vista da cidade é do
alto dessa igreja. Não é preciso
subir centenas de degraus, o
elevador da torre leva o turista
até a plataforma a 70 m de altura. De lá, é possível ver um panorama deslumbrante de Riga,
com o rio Daugava e a Akmens
Tilts, a ponte de pedra, ao fundo. Próximo dali, siga para o
Museu de Arte Aplicadas e Decorativas, que guarda uma
grande coleção de objetos populares da Letônia.
Aproveite também para ver
as famosas casas medievais conhecidas como "os três irmãos", ao lado da igreja de São
Jacob. Elas são as mais antigas
do centro histórico. A nº 19
abriga o pequeno, mas charmoso Museu de Arquitetura de Riga. Bem perto está o imponente
castelo de Riga. Atualmente, é a
residência do presidente da República da Letônia, além de
acolher dois museus.
Antes de deixar o coração
medieval de Riga, confira uma
estranha tradição local: quando
se casam, os habitantes da cidade colocam cadeados com seus
nomes gravados nas pontes do
canal Pilsetas, para que a união
dure muitos anos.
Como a maioria das cidades
medievais, Riga construiu um
sistema de fortificações e torres. A torre de Pólvora local,
que servia como depósito de
pólvora no século 12, era apenas uma das 28 torres da muralha que protegia a cidade. Hoje,
ela abriga o Museu da Guerra.
Nas imediações a porta Sueca,
construída durante a invasão
dos vizinhos nórdicos, foi a única a ficar de pé.
Outros pontos interessantes
são a Maza Gilde e Liela Gilde,
onde os comerciantes faziam
suas transações durante a dominação alemã, do século 14.
Atualmente, o prédio maior é
sede da Orquestra Filarmônica
de Riga. Uma atração bastante
procurada é a Casa dos Gatos,
erguida por um rico negociante
proibido de participar das reuniões comerciais da época. Como revanche, ele colocou, nos
telhados de sua casa, duas estátuas de gatos de costas para os
seus inimigos. Os gatos só mudaram de quando ele foi aceito
pela poderosa associação.
Cobiçada
Acesso estratégico entre a
Europa e a Rússia, Riga foi sempre cobiçada por seu porto. Na
Idade Média, era uma das principais cidades da Liga Hanseática, aliança de cidades mercantis que monopolizou o comércio no norte da Europa e Báltico, entre os séculos 12 e 17.
O acesso ao mar Báltico, a riqueza de Riga e a prosperidade
da Letônia atiçavam o interesse
de seus vizinhos invasores. Em
1710, a Rússia de Pedro, o Grande, se apoderou da cidade. A bela catedral ortodoxa em Riga é
um símbolo de poder do império russo na região.
Foram dois séculos de domínio, seguidos por um período
de independência de apenas 20
anos. Nessa época, o Monumento da Liberdade, que fica
bem no centro da cidade, foi
construído. Esse memorial,
uma homenagem aos soldados
mortos na Guerra da Independência, é o símbolo maior do
povo letão. Em 1939, não somente Riga, mas os três países
bálticos, caíram nas mãos do
regime soviético por 50 anos.
Hoje, novamente independente, a cidade brilha. A vida
cultural é rica e se destaca nas
coleções do Museu de Belas Artes, nos concertos e balés da
Ópera Nacional, onde o bailarino Mikhail Baryshnikov deu
seus primeiros passos, e nas peças do Teatro Nacional, cuja
programação se iguala à de outras capitais européias.
(LETÍCIA FONSECA-SOURANDER)
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