São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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LETÔNIA, LITUÂNIA, ESTÔNIA

Lituano se sentiu bem-vindo ao Brasil ao ver o Cristo Redentor

DA REPORTAGEM LOCAL


Algimantas Saldys. "Mas pode me chamar de Luís que é bem mais fácil", brinca Saldys (pronuncia-se Saldís), 77, lituano que foi recebido pelo Cristo Redentor em 1947.
Antes vir ao Brasil, a família já havia se refugiado por duas vezes na Alemanha, fugindo das ocupações soviéticas na Lituânia -em 1940 e 1944.
"O Brasil foi um dos primeiros países a aceitar refugiados com família", diz, explicando como veio parar no país. Saldys tinha 17 anos quando chegou. Primeira parada: Rio de Janeiro. "Saí de um lugar que vivia o caos para chegar a um país que vivia a paz. Imagine o que foi dar de cara com aquela imagem enorme e de braços abertos, como se nos dissesse: "bem-vindos'", recorda, emocionado.
A próxima parada foi a Lapa, em São Paulo. "Era época de festa junina e, de tão traumatizados com a guerra [Segunda Guerra Mundial, 1939-1945], a cada vez que ouvíamos fogos ou bombinhas, deitávamos no chão", diz, achando certa graça.
Da Lituânia, as recordações são da infância, já que ele saiu de lá com dez anos. Nascido em Ariogala e criado em Telsiai, recorda as horas de brincadeira no lago Mastis -remando no verão e patinando no inverno. Outro passatempo era o esqui.
Uma saudade? A comida da mãe, que dona Albina, também lituana e casada com Saldys há 51 anos, tenta amenizar caprichando na cozinha. As refeições são à base de batata, definida por Saldys como o "arroz-feijão dos lituanos". Mas seu prato preferido é a koselena (pronuncia-se chochelena), tipo de caldo de mocotó mais gelatinoso feito com pés de porco e músculo bovino. "Comer geladinho é uma delícia."
Diretor-presidente da Aliança Lituano-Brasileira, criada em 1931 para preservar a cultura lituana, seu Saldys não se empolga mais ao falar da entidade. "Acredita-se que o Brasil tenha 250 mil descendentes de lituanos. Temos só 300 associados, e a maioria não aparece mais nos eventos", diz. "É triste ver que grande parte da comunidade não tem interesse pela própria cultura." (PPR)

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