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Turismo inflaciona artesanato de capim-dourado
DA ENVIADA ESPECIAL
Os habitantes do deserto do Jalapão sobrevivem da venda, em
mercados da região, dos produtos
plantados em suas pequenas lavouras e do comércio do artesanato local, confeccionado a partir
do famoso capim-dourado.
O capim e a seda de buriti, juntos, se transformam num dos artesanatos mais bonitos da região,
pois de tanto brilho, parecem ser
feitos de ouro.
A partir do capim, as artesãs fazem diversos tipos de peças, desde bolsas, porta-jóias e pulseiras,
até fruteiras, cestos e "sous-plats"
(suporte decorativo para ser usado embaixo do prato).
A comunidade de Mumbuca,
um dos vilarejos com pouco menos de 200 habitantes, é conhecida pela produção do artesanato.
Seus moradores, descendentes de
escravos vindos da Bahia no início do século 20, sobrevivem basicamente do capim-dourado.
Apesar de alguns homens participarem da produção do artesanato, a maioria se dedica à agricultura e à colheita do capim-dourado, feita em setembro e outubro, deixando a maior parte do
trabalho para as mulheres.
O grande sucesso entre os turistas fez com que as artesãs aumentassem o preço cobrado pelas bolsas e cestarias. Uma bolsa de 25
cm a 30 cm custa entre R$ 30 e R$
35, preço bastante salgado.
Mas, se o turista quiser levar
uma lembrança do artesanato para casa, é melhor adquiri-lo diretamente na fonte. Em Palmas, capital do Tocantins, a mesma bolsa
sai por cerca de R$ 70. Em São
Paulo, uma bolsa feita de capim-dourado pode custar até R$ 200.
A arte de tecer o capim começa
cedo. As meninas aprendem com
as mães e, aos 12 anos, já ajudam
no sustento da família. E o trabalho continua até o fim da vida.
Dona Miúda, como é conhecida
Guilhermina Ribeiro da Silva, 73,
é a matriarca do vilarejo. Como a
tradição tem seu preço, as cestarias produzidas por ela são mais
caras que as demais.
Aos 14 anos, dona Miúda já ajudava sua mãe a produzir as peças
artesanais. Teve 11 filhos, dos
quais 9 são mulheres. Todas elas
aprenderam a arte de misturar capim com seda de buriti desde cedo e trabalham juntas para sustentar a comunidade.
(SP)
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