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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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INÉRCIA

Embratur "prefere esperar", enquanto agências de receptivo enxergam o país como "target" para turismo mundial

Estrangeiros vêem Brasil como lugar seguro

MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

Arrumar as malas para países bem longe das zonas de perigo, isto é, da guerra no Oriente Médio, de países alvos de terrorismo e, agora, da pneumonia atípica, na Ásia. Especialmente o Brasil, mas também a Argentina e a África do Sul foram parar no topo da lista na escolha de viagens dos estrangeiros. Apesar de esse trio ter problemas de violência urbana e instabilidade econômica, os destinos estão sendo vistos como seguros.
O mercado de receptivo está otimista com as consultas e transferências de viagens para o Brasil que aconteceram nas últimas semanas, mas a Embratur vacila e tem dúvidas se o turismo brasileiro pode se beneficiar tanto assim.
Na Embaixada do Brasil em Washington (EUA), a gerente do escritório de divulgação do turismo ao Brasil, Maria Helena Dunne, conta que, nas últimas semanas, foi consultada por duas agências de turismo americanas interessadas em trazer grupos para o Brasil.
Mais contido na idéia de o Brasil faturar e vender lenços enquanto o mundo chora, o presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), Eduardo Sanovicz, diz que "as análises são apressadas". Ele afirma que só terá uma "visão adequada" para apontar se o cenário da busca pela América Latina é real após a Imex -uma das maiores feiras de turismo de incentivo-, da qual participará nesta semana em Frankfurt, na Alemanha.
Mas, antecipadamente, as agências confirmam o fechamento de negócios em razão da guerra e da doença que afeta principalmente Cingapura, China e Vietnã -destinos antes em alta no mercado.
O Brasil subiu degraus. "Éramos a segunda opção para dois grupos de turismo de incentivo (patrocinado por empresas que pagam viagens aos funcionários) em caso de guerra", diz Roberto Dultra, vice-presidente da Bito -associação que reúne 38 membros de receptivo turístico. A viagem de 200 pessoas para o Rio foi confirmada em detrimento da primeira opção, um país da Europa, por causa da segurança.
Depois que o hotel Le Meridien, no Leme, sofreu ataque a bomba na semana passada, a justificativa pode causar estranhamento. Para Dunne, o conceito de segurança mudou: "O Brasil não tem histórico de guerra". "No mapa, vi que o Brasil era o lugar mais distante de Bagdá que eu poderia ir", declarou recentemente ao "The New York Times" a norte-americana Christine Potter, que trocou o esqui na Europa para se espichar nas areias da praia de Ipanema.

Concorrência
Com 6,4 milhões de visitantes no ano passado, o turismo na África do Sul cresceu 20% no último ano. Já a Argentina, afetada pela desvalorização da moeda, tem sido uma barganha para turistas. Ela recebeu 11,8 milhões de turistas em 2002 -contra 3,8 milhões no Brasil- e, nos dois primeiros meses deste ano, cresceu em 40% o fluxo de turistas para a Argentina em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o "The New York Times".
Quando o norte-americano escolhe entre o Brasil ou a Argentina, o país de língua espanhola leva vantagem por não cobrar visto para esses cidadãos, diz Marlene Schwartz, proprietária da agência Sat Tours, em Nova York.


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