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INÉRCIA
Embratur "prefere esperar", enquanto agências de receptivo enxergam o país como "target" para turismo mundial
Estrangeiros vêem Brasil como lugar seguro
MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
Arrumar as malas para países
bem longe das zonas de perigo, isto é, da guerra no Oriente Médio,
de países alvos de terrorismo e,
agora, da pneumonia atípica, na
Ásia. Especialmente o Brasil, mas
também a Argentina e a África do
Sul foram parar no topo da lista
na escolha de viagens dos estrangeiros. Apesar de esse trio ter problemas de violência urbana e instabilidade econômica, os destinos
estão sendo vistos como seguros.
O mercado de receptivo está
otimista com as consultas e transferências de viagens para o Brasil
que aconteceram nas últimas semanas, mas a Embratur vacila e
tem dúvidas se o turismo brasileiro pode se beneficiar tanto assim.
Na Embaixada do Brasil em
Washington (EUA), a gerente do
escritório de divulgação do turismo ao Brasil, Maria Helena Dunne, conta que, nas últimas semanas, foi consultada por duas
agências de turismo americanas
interessadas em trazer grupos para o Brasil.
Mais contido na idéia de o Brasil faturar e vender lenços enquanto o mundo chora, o presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), Eduardo Sanovicz, diz que "as análises são
apressadas". Ele afirma que só terá uma "visão adequada" para
apontar se o cenário da busca pela
América Latina é real após a Imex
-uma das maiores feiras de turismo de incentivo-, da qual
participará nesta semana em
Frankfurt, na Alemanha.
Mas, antecipadamente, as agências confirmam o fechamento de
negócios em razão da guerra e da
doença que afeta principalmente
Cingapura, China e Vietnã -destinos antes em alta no mercado.
O Brasil subiu degraus. "Éramos a segunda opção para dois
grupos de turismo de incentivo
(patrocinado por empresas que
pagam viagens aos funcionários)
em caso de guerra", diz Roberto
Dultra, vice-presidente da Bito
-associação que reúne 38 membros de receptivo turístico. A viagem de 200 pessoas para o Rio foi
confirmada em detrimento da
primeira opção, um país da Europa, por causa da segurança.
Depois que o hotel Le Meridien,
no Leme, sofreu ataque a bomba
na semana passada, a justificativa
pode causar estranhamento. Para
Dunne, o conceito de segurança
mudou: "O Brasil não tem histórico de guerra". "No mapa, vi que o
Brasil era o lugar mais distante de
Bagdá que eu poderia ir", declarou recentemente ao "The New
York Times" a norte-americana
Christine Potter, que trocou o esqui na Europa para se espichar
nas areias da praia de Ipanema.
Concorrência
Com 6,4 milhões de visitantes
no ano passado, o turismo na
África do Sul cresceu 20% no último ano. Já a Argentina, afetada
pela desvalorização da moeda,
tem sido uma barganha para turistas. Ela recebeu 11,8 milhões de
turistas em 2002 -contra 3,8 milhões no Brasil- e, nos dois primeiros meses deste ano, cresceu
em 40% o fluxo de turistas para a
Argentina em relação ao mesmo
período do ano passado, segundo
o "The New York Times".
Quando o norte-americano escolhe entre o Brasil ou a Argentina, o país de língua espanhola leva
vantagem por não cobrar visto
para esses cidadãos, diz Marlene
Schwartz, proprietária da agência
Sat Tours, em Nova York.
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